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Encontros - 22 February، 2024

O Irmão Líder Dirige-se aos Professores e Estudantes da Universidade de Cambridge

Em nome de Deus,

Boa noite a todos vós, distintos professores e meus filhos, estudantes da Universidade de Cambridge.

Obrigado por este convite para falar diante de vós. Há alguns meses atrás recebi um convite semelhante da Universidade de Oxford. Falei com os seus estudantes por via satélite. Hoje, é minha honra e prazer falar-vos usando o mesmo método.

Fico muito feliz por reparar que os estudantes de reconhecidas universidades como a vossa e a de Oxford, assim como os estudantes de outras universidades em todo o mundo, demonstram tamanho interesse em questões prementes da nossa actualidade que afectam cada um de nós.

Existem muitas questões no nosso mundo. Podem parecer distantes do lugar onde vivemos. Porém, afectam as nossas vidas de forma negativa ou positiva.

Tal como é dito, o mundo é cada vez mais uma única aldeia. Esta aldeia global tem de organizar os seus assuntos. Os seus habitantes devem viver em paz e harmonia. Devem cooperar entre si, em vez de lutar e destruir essa aldeia que é a única da sua espécie no universo. Quando observamos as galáxias, percebemos que o nosso sistema solar mais não é do que um pequeno grão num vasto universo.

Até na nossa própria galáxia, o nosso sistema solar é mesmo minúsculo. Todavia, somos a única forma conhecida de vida inteligente no universo. Isto motiva a tristeza. Como pode a única espécie inteligente conhecida ser incapaz de viver em paz e harmonia? Como é possível combatermo-nos uns aos outros e ameaçar o nosso pequeno planeta com destruição?

Acredito que este sentimento esteja a ganhar terreno. O vosso apelo a que fale diante de vós é a prova de que nós, seres humanos, precisamos de nos conhecer e entender uns aos outros de maneira a resolver os nossos problemas. A natureza dos nossos tempos e a revolução da informação e comunicação encurtou as distâncias. Cada acontecimento, independentemente da sua distância, tem um efeito em cada um de nós.

Tal como solicitaram, falarei acerca de alguns dos importantes temas que pediram que eu abordasse.

No dia 27 do presente mês, uma conferência internacional terá lugar em Sert, na Líbia, na tentativa de obter uma solução para o inflamado problema do Darfur. Gostaria de abordar este problema que se tornou uma preocupação para todo o mundo. Como futuros líderes e decisores dos vossos países, acho que é importante partilhar convosco o meu ponto de vista acerca dessa matéria. Acredito que possam transmitir esse ponto de vista aos meios de comunicação, participantes da conferência internacional e opinião pública mundial. Acredito que, tal como muitas outras questões em África, a questão do Darfur é, em primeiro lugar e acima de tudo, de foro tribal. Podem até achar surpreendente e engraçado quando eu vos disser que esta questão começou com uma disputa por um camelo! Agora tornou-se um problema internacional.

Existem milhares de tribos em África. Essas tribos lutam por água e terreno de pastagem. O continente foi dividido em 50 estados. Cada tribo foi fragmentada por um número diverso de países. Querem reunir-se. Os problemas tribais são infinitos. Chegarão a um fim com o progresso. Quando os povos de África abandonarem a fase primitiva, o tribalismo acabará, assim como os conflitos tribais. O erro praticado está ligado à politização desses conflitos tribais. A questão do Darfur foi politizada. A partir da disputa por um camelo sucedida entre algumas pessoas, formou-se um problema internacional. Existem muitos problemas semelhantes que tiveram início e um fim sem que nós tivéssemos conhecimento dos mesmos. Por que razão, então, foi a questão do Darfur politizada e internacionalizada?

É aqui que surge o papel das ambições por grandes poderes em que o petróleo exerce um papel predominante. As mesmas provocam a escalada do problema. Desta forma, será necessária a intervenção de forças internacionais e de forças das grandes potências. Assim, essas serão capazes de partilhar o petróleo nessa área. Não parece descabido afirmar que as potências que têm interesses económicos na região e, mais abrangentemente, no próprio continente, são também aquelas que comandam os acontecimentos no Darfur. Talvez ainda não soubessem disto. É importante que me oiçam a dizê-lo agora.

Eu conheço África. Já viajei por toda a sua extensão. Conheço bem os estados de África, as suas fronteiras e tribos. Sou a única pessoa no mundo que viajou mais de 20.000 quilómetros através de solo Africano. Tive contacto com agricultores a cultivar as suas terras, vi pastores a lidarem com a sua pastagem e visitei pessoas nas suas cabanas. Conheço o modo de vida dessas pessoas. Mantenho-me atento aos problemas de África e aos seus desenvolvimentos desde o tempo de Kenyata, Nasser e Haile Silasse. Nenhum dos líderes actuais viu esses homens. Eu acompanho os problemas de África desde o tempo desses.

Os problemas tribais ocorrem e depois chegam a um fim. Não serão do domínio internacional. Agora, os mesmos problemas tribais têm merecido interesse e, desse modo, passam a ser internacionalizados. Qualquer problema tribal em África nunca deve ser internacionalizado ou politizado porque essa sucessão de medidas leva a graves consequências. O problema do Darfur não é de natureza política, social ou económica. É simplesmente um problema local e tribal entre agricultores e pastores. Os agricultores e pastores costumam ter problemas em todas as partes do mundo. Os mesmos podiam ser resolvidos através de uma mediação local ou tribal. As tribos desses lugares têm as suas próprias tradições e costumes instituídos. Podem não saber que o Darfur, enquanto parte da República do Sudão, tem os seus próprios reis e sultões. Existem muitos reinos e sultanatos dentro da república. Assim é o nosso sistema tribal Africano. É um bom sistema social, digno de respeito. Tivesse a questão sido confiada aos reis e sultões locais do Darfur, e já se encontraria resolvida. A interferência de poderes regionais e internacionais paralisa as forças sociais locais que, de outra maneira, seriam capazes de resolver o problema.

Existem muitas pessoas pobres e famintas no Darfur. Quando o problema do Darfur foi internacionalizado, as organizações internacionais e vários países começaram a enviar ajuda humanitária. Os pobres ficaram muito felizes e agradeceram a Deus por constituírem um problema de carácter internacional porque isso os levaria a continuar a merecer ajuda e assistência internacional. Nós contribuímos para a perpetuação do problema. A assistência internacional adicionou combustível ao incêndio. As pessoas abandonam as suas aldeias para viver em campos. Fingem que foram obrigadas a tornar-se refugiadas por causa da guerra e violência. Isso não corresponde à verdade. Elas fazem isso apenas para receber a ajuda humanitária que parte das Nações Unidas, dos doadores e das organizações mundiais de caridade. Durante o dia surgem para receber a comida e as roupas proporcionadas. À noite, voltam às suas casas com o prémio recolhido nos campos, que foram criados com apenas um propósito: receber assistência internacional. Essas pessoas esperam que o problema do Darfur nunca se venha a resolver. Se for colocado um ponto final ao problema, também a assistência chegará ao fim. Eles querem que a assistência continue. Quem abriu essa porta? Nós. Se não tivesse havido ajuda humanitária e tivéssemos confiado o Darfur ao seu próprio povo, não se teriam estabelecido campos com o propósito exclusivo de receberem ajuda humanitária. Alguns desejam que o problema persista de modo a continuarem a beneficiar da assistência.

Existem também líderes locais que eram previamente desconhecidos. Quando a um professor desconhecido, funcionário público ou jovem oficial é concedida a oportunidade de falar aos canais de TV internacionais em prol de uma tribo ou movimento rebelde, ele considera isso como uma glória pessoal. Esta glória superficial é sinal de desequilíbrio psicológico. É concedida a esta pessoa desconhecida a oportunidade de falar na TV acerca dos marginalizados, explorados e oprimidos. Tudo isso são meros clichés. A marginalização, o atraso e a pobreza não são problemas únicos do Darfur. São factos da vida no Terceiro Mundo, que se viu em retrocesso por causa do colonialismo. Agora, esta pessoa desconhecida encontra-se subitamente no lugar de um líder mundial. Imploram-lhe que venha até à mesa de negociações. Esta pessoa não deseja ver o problema resolvido. Se for resolvido, o seu protagonismo evaporar-se-á. Passará a ser incapaz de atrair até si os ouvidos do mundo. Deixará de ser capaz de viajar de país em país ou de falar diante do Parlamento Europeu ou Congresso dos Estados Unidos. Não será entrevistado na TV e as notícias sobre ele não serão transmitidas por todo o mundo através de satélites. Esta pessoa desejará a persistência do problema de forma a continuar a gozar desta glória superficial. É por isso que acho que devem ser ignorados os problemas tribais deste tipo. Não devem ser politizados ou internacionalizados. Deixem as tribos lutar. No fim, encontrarão uma solução. Tal como referi antes, elas têm os seus próprios sultões e chefes. Não é a primeira vez que essas tribos se envolvem numa disputa. Têm sempre disputas e discordâncias. Essas são resolvidas a nível local e o mundo raramente chega a ter qualquer conhecimento das mesmas, se não forem politizadas e internacionalizadas.

O problema do Darfur não é, tal como alegam alguns, um problema racial entre negros e brancos ou entre Árabes e Africanos. Os Árabes são Africanos. Os Árabes Sudaneses são Africanos. Eu conheço essas tribos. Vocês também conhecem as principais tribos. Ninguém consegue distinguir Árabes de não-Árabes nas tribos Masalit, Ruzeigat, Zagawa ou Fur. É impossível fazer tal coisa. Eles casam-se entre si. Eles são Muçulmanos Sunitas. Todos falam Árabe. O dialecto local é entendido por todos. Não existe real diferença entre os chamados Árabes e os que não são Árabes ou entre os negros e os que não são negros. Todos se encontram integrados. É difícil, até mesmo impossível, distingui-los. A Tribo Masalit provém originalmente da cidade de Meslata, na Líbia. São considerados Africanos apesar da proveniência Árabe. Eles migraram da Líbia. Existem milhares de membros da Tribo Zagawa na Líbia, no Chade e no Sudão. Toda a área encontra-se completamente integrada. A Tribo Ruzeigat vive no norte e sul do Darfur. Ninguém os pode classificar como Árabes ou não-Árabes, Africanos ou não-Africanos. Esta é a verdade acerca da situação no local. Existe um conflito entre as grandes potências do mundo, como os Estados Unidos da América e a China. Quero que fiquem a saber que cada uma dessas deseja a maior porção possível de terra e do petróleo que aí se encontra. Isto é extremamente perigoso. Todos os poderes imperialistas querem marcar posição na área para consumarem as suas ambições. Querem que o problema se deteriore de forma a trazerem as suas forças até à área desejada sob o disfarce da luta pela paz. Também isto é muito perigoso. A conduta das grandes potências é imoral e merece ser condenada. Faz parte da natureza de todos os impérios ter ambições expansionistas. Nós temos de ter o conhecimento total dessas ambições imperialistas. Era isto que eu queria dizer acerca do Darfur.

Além da que respeita ao Darfur, existem outras questões que vocês desejavam que eu abordasse, tal como é o caso do conflito no Médio Oriente e a questão da Palestina.

Primeiro, gostaria que soubessem que eu estudei História e que conheço muito bem a história da região e dos seus povos. Os Palestinianos e Israelitas são primos. Ambos são descendentes da mesma origem. Todos são Semitas. O Árabe e o Hebreu são línguas irmãs. A porção de solo conhecida por Palestina ou Israel é a terra natal comum a ambos. Os Palestinianos e os Israelitas podem conviver no mesmo local. Nenhum dos partidos tem direito a reclamar pertença exclusiva do solo localizado entre o Rio Jordão e o Mediterrâneo. Nenhum dos partidos tem direito a declarar unilateralmente um estado nesse solo. É por este motivo que os Árabes não reconhecem aquilo a que se conveio chamar-se Israel; porque os Israelitas declararam unilateralmente um estado num território disputado. Nenhum partido tem o direito de declará-lo como seu e de atribuir-lhe o seu próprio nome. Isto está errado, e daí a objecção ao reconhecimento desse estado.

A situação é semelhante à sucedida no Chipre. Quando se declarou a República Turca do Chipre, ninguém a reconheceu excepto a Turquia. Motivou a isso o facto dos Cipriotas Turcos e dos Cipriotas Gregos serem ambos povos do Chipre. É a sua terra natal comum. Nenhum partido tem o direito de declará-lo como seu e de atribuir-lhe o seu próprio nome. Assim sendo, nenhum estado reconheceu tal entidade no Chipre. Infelizmente, reconheceram Israel. Deve existir um só critério. A negação de reconhecimento à República Turca do Chipre devia traduzir-se na negação de reconhecimento de um só estado estabelecido no território disputado da Palestina. Esse foi um grave erro que teve início em 1948, quando um partido declarou unilateralmente o estabelecimento do seu próprio estado nesse território disputado.

Independentemente das ocorrências passadas, deparamo-nos agora com um grande problema. Este problema não pode ser resolvido pelos meios que vejo actualmente. Primeiro, foi manipulado, tal como o problema do Darfur. A tragédia dos Palestinianos e a tragédia passada dos Judeus foram aproveitadas para interesses limitados. Motivos eleitorais levaram a que partidos políticos e candidatos à presidência explorassem essas tragédias de modo a servirem à propaganda política. Durante a Guerra Fria, em que se opuseram, de um lado, os Estados Unidos da América e a NATO contra, do outro lado, a União Soviética e o Pacto de Varsóvia, a questão do Médio Oriente foi explorada das piores maneiras. Cada partido manipulou o problema de acordo com os seus interesses. Não se importaram com os interesses dos Palestinianos ou Israelitas. Os Palestinianos e os Israelitas foram as vítimas. Foram eles que lutaram e morreram. Não foram mortos os Soviéticos, os Americanos ou os Franceses. Foram apenas os Palestinianos e os Israelitas que pagaram o preço.

Podem saber que este terreno é extremamente reduzido. Perto de Qalqiliya, a distância entre o Rio Jordão e o Mediterrâneo é de apenas 15 quilómetros. Não podem coexistir dois estados nessa área. Não pode haver um estado com apenas 15 quilómetros de largura. Se for estabelecido um estado Palestiniano na Margem Ocidental, Telavive e todas as restantes cidades costeiras ficarão ao alcance do fogo de metralhadoras ou da artilharia de médio alcance. O espaço aéreo ficará sob o seu controlo. Se uma guerra emergir, esse estado pode ser dividido em duas metades. Além de que metade do proposto estado Palestiniano, a Margem Ocidental, é completamente separada da Faixa de Gaza. Como pode existir um estado com uma parte localizada no Mediterrâneo e outra parte na Margem Ocidental do Rio Jordão?

Adicione-se a isso a presença de mais de um milhão de Palestinianos em Israel. Esse número aumenta rapidamente. O número de Palestinianos irá duplicar. No futuro, existirão três ou quarto milhões de Palestinianos em Israel. Então, não se pode declarar como um estado puramente Judaico. Vocês sabem que o número de Palestinianos aumenta a uma velocidade maior que o de Israelitas. No estado a que chamam de Israel existe um milhão de Palestinianos que vive em paz e harmonia com os seus vizinhos. Este é um exemplo de um só estado que deve constituir solução para esse problema. Deve existir apenas um estado na Palestina. O nome não é importante. Pode chamar-se Isratina ou Palestina. Seja qual for o nome, tem de existir um só estado para os Israelitas e Palestinianos. Agora existe apenas um exemplo à vista de todos. Existe um milhão de Palestinianos que têm cidadania Israelita e que vivem com os Israelitas sem problemas. A violência não parte deles, mas sim dos que vivem fora de Israel. Em termos simples, refira-se que essa porção de solo entre o Rio e o Mar é demasiado limitada para dois estados. A solução reside no estabelecimento de um só estado democrático. Todo o mundo deve exercer pressão sobre o partido que continua a apostar em práticas de racismo puro, religioso e linguístico. Essas são noções datadas que se dissiparão com o tempo. Essas noções nunca devem impedir o estabelecimento de paz permanente entre Israelitas e Palestinianos. Esses devem coexistir.

Vocês podem já saber que os Árabes e Judeus sempre coexistiram. Quando os Árabes foram expulsos da Andaluzia, os Judeus foram também expulsos. Os países Árabes ofereceram refúgio e protecção aos Judeus. Até quando os Romanos destruíram Jerusalém, por volta do ano 72, os Judeus procuraram refúgio na Península Árabe. Com isto, refiro que os Árabes protegeram os Judeus durante toda a história, desde a perseguição Romana até à perseguição dos Godos sofrida na Andaluzia. Os dois grupos são primos. O Profeta Abraão teve dois filhos; Ismael, o antepassado dos Árabes, e Isaac, o antepassado dos Judeus. Jacob, também conhecido por Israel, era filho de Isaac. O estado recebeu o nome a partir dele. Por isso, ambos são primos e mais próximos do que alguns julgam. Foram outros poderes que, conforme os seus próprios interesses, criaram animosidade entre ambos. Devem voltar uma vez mais a viver juntos num só estado.

Publiquei o meu Livro Branco que apela ao estabelecimento da Isratina, um estado com metade do nome de Israel e metade do nome da Palestina. Espero que tenham a versão Inglesa do livro. O Livro apela ao estabelecimento de um só estado democrático. As eleições iniciais podiam ser supervisionadas pelas Nações Unidas. Depois, os seus cidadãos coexistirão. Não importa se o presidente é Judeu ou um Muçulmano-palestiniano ou Cristão. Deixai tal decisão a cargo do povo. Hoje em dia existem partidos Árabes em Israel. Existem membros Árabes no Knesset. Este é um exemplo a seguir. Na Margem Ocidental, os Palestinianos e Israelitas fazem parte de uma só estrutura. O mesmo aplica-se a Gaza. Demograficamente, encontram-se integrados. As fábricas Israelitas dependem da mão-de-obra Palestiniana da Margem Ocidental e Gaza. Existe uma troca de bens e serviços entre eles. São completamente interdependentes. Existem muitas coisas, incluindo a cultura, que tornam os Israelitas e Palestinianos próximos entre si. Apelo ao estabelecimento de um só estado de modo a colocar fim a este conflito. No entanto, algumas condições devem ser asseguradas.

Primeiro, os refugiados expulsos em 1948 devem voltar às suas casas. Encontram-se nesse direito. Deve ser-lhes permitido um pacifico regresso às suas casas, quintas e povoações.

Segundo, este novo estado deve ser destituído de armas de destruição maciça. Nenhum dos estados na região deve possuir essas armas de destruição maciça. Quer seja governado por Arafat, quer pelo Abbas, deve manter-se livre de armas de destruição  maciça.

Questionaram-me acerca da minha opinião relativamente à reforma das Nações Unidas. Há vários anos que ouvimos falar de uma forte vontade de reformar as Nações Unidas. Contudo, tudo o que se debateu durante esse período foi o aumento de número de membros permanentes e não-permanentes do Conselho de Segurança. Tal medida foge ao cerne da questão, que passa por reformar as Nações Unidas como um todo. As Nações Unidas não se limitam ao Conselho de Segurança. É também a Assembleia Geral, o Tribunal Internacional de Justiça, o Conselho Económico e Social, o Conselho de Tutela, a UNESCO, a UNICEF, a FAO e todas as outras partes componentes do sistema das Nações Unidas. A actual situação não é democrática, legal e legítima. O mundo deve mudá-la. O actual estado é ditatorial e não serve à causa da paz. Pelo contrário, é um estado de terror que ameaça a paz.

O chamado Conselho de Segurança não é um conselho que zela pela segurança. É um conselho do terror. Usurpou os poderes das Nações Unidas e de todo o mundo e chamou-os a si, formando um conselho limitado de cinco membros que têm direito ao poder de veto. Desse modo, os pequenos países não têm confiança no Conselho de Segurança ou nas Nações Unidas. Intelectuais iluminados como vós partilham da opinião de que ninguém se sente seguro ao aperceber-se do papel do Conselho de Segurança e da situação das Nações Unidas. Este sentimento advém da destruição e ocupação do Iraque, Afeganistão e Jugoslávia. Tudo isto aconteceu diante das Nações Unidas e do Conselho de Segurança. Porque não foi o Capítulo VII aplicado aos Estados Unidos da América e Reino Unido quando invadiram ilegalmente o Iraque? O Conselho não pode tomar tal medida porque esses países dispõem de poder de veto. Podem aniquilar qualquer resolução. Então, não se trata de um conselho pela segurança internacional. Não é sequer de carácter internacional. É um concelho formado pelos seus próprios membros e adequado aos interesses dos mesmos.

Apelamos à reforma das Nações Unidas. Tal só pode ser conseguido através da democratização da Assembleia Geral, o Parlamento do Mundo. O parlamento é a legislatura. É o órgão com o poder e mandato para decretar as leis. O Conselho de Segurança é o equivalente ao ramo executivo. O executivo deve implementar as decisões da legislatura. É concebível que o governo Britânico decrete as leis e depois instrua a Câmara dos Comuns para que se encarregue de implementá-las? É exactamente o contrário. O parlamento legisla, o governo implementa as leis. Nas Nações Unidas, o ramo executivo, ou seja, o Conselho de Segurança, legisla e depois pede ao parlamento, representado pela Assembleia Geral, que implemente as suas directivas. Quer isto dizer que a carroça é colocada à frente dos bois. Tudo devia funcionar ao contrário da situação actual.

As nações de todo o mundo uniram-se para estabelecer as Nações Unidas. A Assembleia Geral é o único órgão em que todos os membros se encontram representados. Em nome dos princípios democráticos, devia ser o órgão investido com todos os poderes. Quando a Assembleia Geral aprova sanções contra determinado estado, esse estado terá de o aceitar porque foi uma decisão democraticamente tomada pela comunidade das nações. É uma grave injustiça dois ou cinco estados imporem a sua vontade aos membros do Conselho de Segurança e depois alegarem que as suas acções foram tomadas em nome da legalidade internacional. Que afirmação tão falsa!

Se o objectivo é uma reforma real, então os poderes do Conselho de Segurança devem ser transferidos para a Assembleia Geral. A aplicação do Capítulo VII deve ser a prerrogativa da Assembleia Geral. É necessário adoptar resoluções vinculativas através dela. O Conselho de Segurança deve ser a ferramenta para a implementação das resoluções da Assembleia Geral. Se as coisas não mudam, muitos países retirar-se-ão das Nações Unidas. Será estabelecida uma nova Assembleia Geral pelos oprimidos e por aqueles que estão fartos de injustiça. A actual máquina internacional entrará em colapso. A máquina, criada com liberdade pela comunidade internacional, está a ser posta para trás. Existem cartas estropiadas por precedentes. Estão a ser criados inúmeros precedentes através de uma nova Carta das Nações Unidas baseada na injustiça, opressão e agressão. A Carta das Nações Unidas proíbe a utilização ou a ameaça de força. Hoje, existe uma constante ameaça ou utilização de força. É o fim da Carta das Nações Unidas. As medidas tomadas contra a Líbia, Panamá, Iraque, Jugoslávia, Afeganistão, entre outros estados, constituem uma nova carta não escrita baseada em precedentes. A nova lei do mais forte impera. Deve ser cumprida. Todos nós aspiramos ao regulamento da lei internacional. O que prevalece agora é a lei do mais forte. Tem precedência sobre a lei internacional. Alguém acredita nas palavras das maiores potências sobre liberdade, democracia e direitos humanos enquanto exercem tamanha tirania? Deste modo, eu repito que os órgãos máximos da máquina internacional, a Assembleia Geral e o Conselho de Segurança, devem ser democratizados.

O meu Livro Verde aborda a questão da Democracia. Espero que o encontrem em Inglês. Eu não inventei o Livro Verde nem o seu conteúdo. Eu li a história do mundo e segui a experiência da humanidade. Eu vi as razões para a guerra, a paz, a felicidade, a miséria e os problemas internos e externos. Depois compilei-os no meu livro.

Em Árabe, a palavra democracia é composta. É constituída por duas palavras; demo, que significa povo e cracia, que significa cadeira ou assento. Isto significa que o povo deve sentar-se sempre na cadeira do poder. Ter uma verdadeira democracia significa que o povo tem de ser o único ocupante da cadeira do poder. O povo tem o direito de promulgar leis e legislação. O povo tem o direito de estabelecer o sistema que quiser. O povo é o soberano. A soberania do povo não pode ser usurpada e colocada nas mãos de uns poucos indivíduos designados como governo ou representantes. A teoria da representação enganou os povos do mundo. Ninguém pode representar o povo. A representação é uma falsidade. Se o povo existe porque deve alguém representá-lo? Quem pode sonhar pelo povo? Nos sonhos e nas esperanças não existem representações. São uma responsabilidade apenas de cada uma das pessoas. O povo deve dirigir a sua vida política, económica e social por si próprio. Ele deve expressar os seus desejos directamente sem intermediários. Há nações cujas populações atingem as dezenas de milhões. No entanto, têm apenas poucas centenas de representantes ou membros do parlamento. Isto significa que um único Membro de Parlamento representa milhões de pessoas. Como pode isto acontecer? Como pode uma pessoa expressar os desejos de tanta população? Quem diz que aqueles milhões de pessoas querem aquilo que uma única pessoa quer? Aquele indivíduo apenas se representa a si. Reparem na Grã-Bretanha. O povo sai à rua para protestar contra políticas que têm o apoio dos membros do parlamento. Se esses são os verdadeiros representantes do povo, porque saem as pessoas à rua em manifestações? O povo americano opõe-se à guerra no Iraque. O congresso apoia-a. Assim sendo, o Congresso não representa o povo. O povo Americano quer que as tropas saiam do Iraque. A Administração quer que permaneçam lá. O Congresso aprovou uma resolução para trazê-los de volta. Assim, existe um fosso amplo que separa o povo dos seus conselhos de representantes. Deste modo, a representação é uma falsificação da vontade do povo. Isto é o que o Livro Verde diz. A verdadeira democracia é representada pelos congressos do povo e pelos comités populares. Todos os adultos, homens e mulheres, são membros dos congressos do povo. Esses congressos são os únicos habilitados a tomar decisões.

O povo libanês está agora dividido em trinta mil comunas. Cada comuna é composta por cem pessoas. São esses três milhões que exercem o poder na Líbia. O resto da população é menor de idade, de idade avançada e, por isso, não está capacitada para participar. Os três milhões de membros das comunas são quem determina as prioridades da sociedade e estabelece as políticas internas e externas do país pelo período de um ano. Depois, reúnem-se de novo para rever essas decisões. O que eu quero transmitir é que o exercício real da democracia apenas acontece através dos Congressos do Povo e Comités Populares. Não pode haver democracia sem esses congressos e esses comités.

Eu acredito que abrangi todos os assuntos que queriam que focasse. Espero encontrar-vos de novo. Eu estou pronto a encontrar-me convosco sempre que o meu tempo o permitir. Estou sempre pronto a abordar assuntos que vos preocupem ou qualquer outra coisa que queiram que eu trate. Se têm perguntas ou dúvidas sobre alguma coisa, estou pronto a ouvir.

A primeira pergunta é feita por Michael, doutorado em Filosofia. O assunto é as relações externas da Líbia.

Obrigado, Irmão Líder. Tive a honra e o prazer de orientar um grupo de vinte e cinco estudantes de Cambridge que participou nos eventos que tiveram lugar na Líbia, em Fevereiro e em Março. Os tempos que lá passámos foram muito bons. As discussões sobre a mudança recente nas relações externas foram extremamente interessantes. Na minha pesquisa, concentrei-me nas relações líbio-americanas, sobretudo na década de 90 e na presente década. Ambos os lados, líbio e americano, fizeram comentários optimistas sobre o melhoramento das relações entre os dois países. Parece ter havido recentemente um desejo de continuação deste melhoramento entre ambos. Deixe-me citar o que foi dito pelo vice-presidente americano, Dick Cheney: “Derrubámos o governo do Iraque. Saddam Hussein já não existe. Saddam Hussein está na prisão e fora do poder. O seu governo desapareceu sem rasto. Qaddafi, na Líbia, segue esta situação de perto. Também está atento à situação no Afeganistão. Cinco dias depois da prisão de Saddam Hussein, Qaddafi declarou que a Líbia irá renunciar às armas de destruição maciça. Isto foi uma manifestação de fraqueza política.” Eu acredito que a Líbia sente-se mais segura e mais confortável à vista do que já conseguiu. Eu acredito que afastou o país de tensões políticas.

Irmão Líder, por favor, diga-nos quais os motivos por detrás desta decisão e o que melhorou nas relações com os Estados Unidos? Como se encontram essas relações actualmente? Para onde se dirigem no futuro?

O Líder: Obrigado. E obrigado pela sua visita à Líbia.

Sempre que algo acontece, todos tentam torná-lo benéfico para si. No entanto, nunca tentam fazê-lo antes de os acontecimentos ocorrerem. Porque é que Cheney nunca não disse aquilo antes da Líbia tomar essa decisão histórica? Porque é que ele não disse que iria forçar a Líbia nos cinco meses seguintes a deixar o seu programa nuclear devido ao que fizemos no Iraque? Porque é que ele não disse isso? Porque ele não podia. Ele fez a sua declaração depois de tomarmos a nossa decisão. Ele explorou-a com os seus próprios interesses. Eu gostava que soubessem que o próprio presidente dos Estados Unidos admitiu que as negociações com a Líbia duraram nove meses até a decisão ser tomada. Nós tivemos nove meses sem anunciar que as negociações estavam a decorrer entre a Líbia, as maiores potências e a AIEA tendo em vista o cancelamento do programa nuclear. Nessa altura, Saddam Hussein ainda não tinha sido derrubado. O Iraque não tinha sido invadido. Se receávamos a América, porque é que continuámos a trabalhar nesse programa durante mais de trinta anos? Durante a era de Reagan, que mais tarde foi provado estar louco e sofrer de Alzheimer, não tivemos medo. Nós alertámo-los. Nós dissemos que o homem estava louco. Cuidado com as suas acções! Eles riram-se de nós mas admitiram, por fim, que Reagan estava de facto louco e que as suas acções foram o resultado do seu Alzheimer. Durante esse período de insanidade, não tivemos medo das frotas enviadas por Reagan para as nossas águas territoriais. Continuámos com o nosso programa. Nessa altura, a aquisição de armas de destruição maciça era um capricho no mundo. Muitos estados tentaram adquirir armas atómicas. Passado pouco tempo, descobrimos que o nosso programa nuclear tinha sido descoberto. Algum equipamento foi confiscado. A CIA deu-nos gravações dos encontros entre nós e alguns especialistas em energia nuclear bem conhecidos. Disseram-nos que o nosso programa já não era segredo. Seria melhor iniciar conversações com os Estados Unidos e a Grã-Bretanha. O meu amigo Blair enviou-me mais uma série de emissários dizendo que o programa tinha sido descoberto e o equipamento de centrifugação confiscado. Descobrimos que seria praticamente impossível continuar com o nosso programa. Pensámos também nos seus custos elevadíssimos. Porque fabricaríamos então uma bomba atómica? Se alguém diz que o objectivo da Líbia é atacar Israel com uma bomba atómica diríamos apenas que existem milhões de palestinianos dentro de Israel. Será concebível para nós largar uma bomba dessas sobre um milhão de palestinianos e três milhões de judeus? A Cisjordância e a Faixa de Gaza não ficarão seguras se se lançar um ataque atómico em Israel. A Síria, o Líbano, a Jordânia e até o Egipto ficarão todos em perigo se uma bomba libanesa fosse lançada. Por isso, esta suspeita foi excluída.

            Alguns disseram que a Líbia usaria bombas atómicas. Porque faríamos isso? A Europa já não é uma potência colonial. A Europa é um amigo que coopera connosco. Estamos a trabalhar neste momento na estratégia de cooperação entre a UA e a EU. Estamos a discutir trocas, investimentos, protecção ambiental, a parceria mediterrânea e a parceria em instituições económicas. A Europa não é a mesma que foi nos tempos de Hitler e Mussolini. É impossível, para uma pessoa racional, pensar em atacar a Europa com armas nucleares, a partir da Líbia. Além disso, existem muitos estados na Europa que são amigos da Líbia. Deste modo, excluímos também a possibilidade de utilizar armas atómicas nesta frente. Fá-lo-íamos contra a América? Em primeiro lugar, é impossível para nós ter meios de fazer chegar uma bomba à América. Será que uma pessoa racional decidiria atacar a América com uma ou mesmo dez bombas atómicas líbias sabendo que a América retaliaria com dez mil bombas iguais? É impossível alguém pensar assim. Só um louco pensaria atacar um país como os Estados Unidos, a Rússia ou a China, que possuem milhares de armas atómicas.

Poderíamos então pensar utilizar esta bomba em África? A África é o nosso continente. Nós somos parte do esforço para a sua construção. Portanto, com esta avaliação da situação internacional demos connosco a pensar que ter um programa nuclear seria um simples capricho. Tal como eu disse, foi a época em que todos queriam possuir a bomba atómica. Mas esse tempo já passou.

            O Paquistão construiu uma bomba atómica. Porquê? Porque a Índia também fabricou o mesmo tipo de arma. É compreensível que, de modo a existir um equilíbrio entre os dois países, ambos tenham de possuir o mesmo tipo de armas. Mas é uma situação extremamente perigosa. Nós somos avessos a todo o tipo de armas de destruição maciça, seja nuclear, biológica ou química. Esperamos que os programas de tais armas sejam eliminados em todo o mundo. Não temos medo de ninguém. Apenas tememos Deus. Esta pessoa que mencionou, não sei o nome dele, Dick Cheney, não é? É apenas a visão dele, tal como Reagan. Eu rezo a Deus que não seja tão doente como Reagan era. Desejo-lhe boa saúde. Sei que teve cinco operações ao coração. Espero que o que ele disse não seja o resultado de desequilíbrio psicológico. Seja o que for, e suponhamos que Dick Cheney está correcto, seria aconselhável a um país pequeno de cinco milhões de pessoas como a Líbia entrar em confronto com uma super potência como a América que possuí muitos milhares de armas nucleares, MBIC (Mísseis Balísticos Intercontinentais), porta-aviões e submarinos nucleares? Qual é o mal de um país pequeno decidir evitar o confronto com tamanho poder? Esta é uma prova de sabedoria e coragem. Decidimos, por vontade própria, seguir um rumo. Através da nossa vontade própria, nós decidimos abandonar o anterior rumo.

Pergunta: Irmão Líder, anunciou o desejo de desenvolver a União Africana em Estados Unidos Africanos. Acha que isto seria possível nos próximos dez anos ou não?

O Líder: Obrigado. É muito possível. Porque não? Nós, os africanos, estamos a seguir o exemplo da Europa. A Europa é feita de muitos países que até há pouco insistiam em guerras altamente destrutivas uns contra os outros. Dezenas de milhões pereceram na Primeira e Segunda Guerras mundiais, na guerra das rosas, na guerra dos trinta anos e na guerra dos sete anos. A Europa viveu todas essas guerras. No entanto, eu acredito que agora a união interessa-lhes bastante. Estamos a seguir esse exemplo. Além disso, os africanos não são nações em guerra uns com os outros. Somos um só continente e um grupo humano homogéneo. Até as nossas cores distingue-nos do resto das nações e continentes. A globalização e os seus desafios impossibilitam qualquer país de viver por si próprio. Se a Alemanha, a Inglaterra, a França ou a Itália, essas grandes potências, não conseguem manter-se vivas fora de uma entidade europeia unificadora, o que diríamos dos países africanos pequeninos e minúsculos? O seu futuro está numa entidade africana, que seja a União Africana ou os Estados Unidos de África. A sua fundação concretizará essa visão.

Pergunta: Irmão Líder, obrigado por ser tão generoso com o seu tempo. Esta pergunta é da secção africana da BBC. Disse que a UA irá desenvolver-se para uns Estados Unidos de África. Gostaríamos de saber quais as hipóteses de uma união árabe. Permita-nos exprimir a nossa admiração pela sua coragem, sabedoria e desejo de atingir essa união.

O Líder: Não sei se isto é uma pergunta ou um comentário. Deixe-me contar o que a história humana passou durante várias etapas. Houve a fase das religiões, depois do nacionalismo, depois a fase da demografia ou interesses materiais.

Durante a fase da religião, as entidades baseiam-se na fé independentemente da nacionalidade ou língua dos seus vários componentes. Foi esse o caso do Santo Império Romano, do Império Islâmico, do Império Otomano, etc.  Na fase do nacionalismo, as nações como a Itália, a Alemanha, a Turquia ou o Irão já estavam formados. Infelizmente, ambas essas fases passaram sem que os árabes se mostrassem capazes de atingir uma união com base na fé ou na nacionalidade. Agora estamos numa nova era; a era da demografia, da globalização e de interesses materiais comuns. Tem-se tornado difícil falar agora de uma união entre a Líbia e o Iraque, ou entre a Síria e Marrocos. Enquanto países africanos, a Líbia e Marrocos serão parte da África Unida. Ninguém pode falar de união fora de uma entidade africana maior. Quem consegue imaginar uma união entre a Europa, a Nova Zelândia e a Austrália? Isto não é possível. A geografia dita que cada região deve caminhar para a unidade. Agora existe a ASEAN (Associação de Nações do Sudeste Asiático), a Comunidade de Estados Independentes da Antiga URSS, a União Africana, a EU, os EUA e a América Latina, que está a caminhar em direcção a uma união. Portanto, o mundo ficará dividido em sete a dez grandes grupos, uniões ou mega entidades que substituirão os estados no futuro. Até o número de moedas no mundo reduzir-se-á para sete ou dez. Existirá o mesmo número de bancos centrais. Este é a nova forma que o mundo está a tomar. É muito difícil falar de uma unidade nacional para os árabes neste mundo. Eu espero que os árabes aceitem o meu convite para se juntarem à União Africana para formar a união árabe africana. Neste caso, todos os árabes unir-se-ão a África. Dois terços dos árabes são africanos. O restante terço está na Ásia, na Península Árabe, no Golfo e no Crescente Fértil. A única solução passa pelos árabes juntarem-se a África. Não existem regras para se falar de uma unidade nacional ou religiosa nos dias de hoje. A única noção que é premente nos dias de hoje é a noção demográfica e de interesses materiais das mega entidades.

Pergunta: Irmão Líder, enfrentou com coragem o regime ditatorial. Pediu um mundo livre do qual todos poderiam beneficiar. Como vê a situação do Iraque e o que a América está lá a fazer?

O Líder: O mundo inteiro percebe o que se está a passar no Iraque. A invasão do Iraque foi um erro. Tanto os americanos, como os ingleses admitiram esse erro. É tempo desse erro ser corrigido. Eles dizem que tinham informação de que o Iraque possuía armas de destruição maciça. O Iraque foi inspeccionado, depois atacado, depois fragmentado e tornou-se óbvio de que não existiam quaisquer armas. Eles admitiram o seu erro e já se mostraram arrependidos por tê-lo feito. Todo um povo ficou a sofrer e todo um país foi destruído com base num boato ou numa mentira?

Como podem as maiores potências, membros permanentes do Conselho de Segurança, actuar de modo tão perigoso com base em alegações e boatos infundados? Como pode o mundo ter a consciência tranquila quando tais acções são feitas com base em argumentos tão pouco sólidos? Ao admitir o seu erro, aqueles que o fizeram devem recuar. A única solução é retirarem-se do Iraque e deixar o país aos iraquianos.

O coordenador da Associação de Estudantes de Cambridge: Obrigado, Irmão Líder. Obrigado a todos pela vossa presença. Obrigado a todos pelas contribuições. Acima de tudo, agradecemos ao Irmão Líder Mummar Al Qaddafi por nos ter honrado com a sua presença.

O Líder: Obrigado. Espero revê-los em breve, se Deus quiser.

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