O Irmao Lider da Revolucao Apresenta aos Intelectuais Africanos Sua Visao Estrategica de Uma Revolucao Cultural Africana para Preservar a Identidade Africana, suas Raizes Historicas e sua Heranca Cultural Secular.
Saudacoes a meu caro irmao Abdullah Wad e aos componentes de seu governo presentes neste auditorio. Saudo o povo senegales, a cada um em particular, homens e mulheres, e a nacao africana, neste dia, atraves da irman Senegal.
Obrigado Sr. Presidente, prezado irmao, por suas palavras generosas na abertura deste encontro, e pelas palavras cordiais que voce acaba de proferir agora. Meus cumprimentos tambem a nosos irmao, Presidente Alpha Konare, dirigente da Comissao da Uniao Africana, e eu gostaria de agradecer-lhe as palavras que me dirigiu em seu discurso de abertura ha’ dias. Gostaria tambem de agradecer a todos os lideres africanos que assistiram ‘a sessao de abertura, embora eles nao estejam presentes hoje. Finalmente, gostaria de cumprimentar meus irmaos intelectuais africanos, e agradecer-lhes da maneira mais calorosa.
Estou muito feliz e orgulhoso de que eles tenham vindo e tenham respondido ao convite enderecado a eles pelo nosso irmao Abdullah Wad, que e’ de fato um professor, intelectual, um revolucionario e lider da oposicao popular, o qual assumiu o poder no Senegal. Ele compreende intelectuais, sua missao e seu papel; por isso, eu lhe agradeco ter sugerido essa ideia, agora posta em pratica. Eu o apoiei em Lome, quando ele fez a proposta, porque eu sabia que era util a ideia do Presidente Abdullah Wad, pessoa que tem um compromisso com a Africa, um erudito em historia e um intelectual. Digo isso porque cultura e’ o problema do terceiro mundo. Lideres ignorantes sao a causa principal da discrepancia do desenvolvimento, progresso, democracia e estabilidade no terceiro mundo; cultura e’ muito importante para lideranca.
De fato, estou extremamente impressionado por essa ideia, essa comparecimento, essa assistecia. Ao mesmo tempo, aprecio esse congregamento especialmente porque os presentes nesse auditorio vieram de lugares remotos da terra, o que me deixa ainda mais orgulhoso dos intelectuais africanos.
E’uma prova do patriotismo dos intelectuais do Diaspora, espalhados por todos os continentes do mundo, fora da terra natal, Africa, e ainda assim ligados a sua patria, e estao aqui hoje em seu beneficio. Eles estao buscando a unificacao de seu continente e patria, e ajudam-no a progredir de agora em diante nessa era, pois o continente retardou-se muito devido a fatores externos. Isso me da’ a confianca de que o africano, nao importa o quanto esteja distante de seu pais, esta’ sempre ligado a ele.
Estou pesaroso de nao ter comparecido por motivos bastante conhecidos por meu irmao, Presidente Abdullah Wad, embora eu tivesse gostado de estar ao lado dele. Entretanto, atraves dessa intervencao, eu gostaria de apresentar algumas teses curtas sem entrar em detalhes. Eu gostaria de sugerir que elas sejam incluidas em vosso programa. Certamente eu vos dou boas vindas em nosso pais, Libia, a qualquer momento e em qualquer capacidade, atraves de seus representantes ou por seu propprio comparecimento.
Sinto que a Africa de hoje esta’ se unificando, e buscando seu lugar ao sol entre as nacoes.
E’ uma tragedia conhecida que foi aviltada, escravizada, e brutalmente tratada pelos brancos ocidentais racistas. Primeiro, enfrentemos o problema enquanto construimos a Uniao Africana. Eu gostaria que osintelectuais resolvessem o problema basico do idioma na Africa de hoje, o qual e’ serio e dificil. Usamos duas linguagens : uma oficial e uma popular.
O idioma oficial e’ o do colonialismo; ingles, frances e portugues, e a linguagem popular e’ a nao-oficial que falamos, a qual inclui todos os dialetos africanos, que estao entre oitocentos e mil dialetos. O idioma oficial que usamos e’ escrito e tem um alfabeto, enquanto o idioma africano autentico naoe’ escrito. Um dos dilemas que enfrentamos e’ que a linguagem africana popular, a de nossos ancestrais, nao tem escrita nem alfabeto. E’ um problema que temos de solucionar., mas nao com o uso do alfabeto latino e incorporando-o na linguagem africana, pois isso iria corromper a linguagem, e deveser decidido oficialmente a partir de agora.
Todas os idiomas nao-latinos que usaram o alfabeto latino acabaram corrompendo ambos e o idioma, na medida em que a linguagem tornou-se suscetivel a mudancas e incapaz de se confinar ‘aquele alfabeto, como vimos no idioma turco e em algumas das nacoes que adotaram o alfabeto lationo, como a Russia e outros paises. Mas, os caracteres chineses, japoneses e arabes se adpataram completamente ao significado da linguagem.
Se tivessemos que escrever arabe usando o alfabeto latino, o significado seria totalmente perdido, razao pela qual nos temos de eliminar o alfabeto latino completamente. Entretanto, temos de refletir sobre nosso idioma materno, o que e’ responsabilidade dos intelectuais africanos no seu proprio pais e no estrangeiro, no Diaspora e na terra natal.
Por outro lado, como tornar escritas as linguagens africanas, e como uni-las? Nao podemos falar oitocentos ou mil linguagens. Como vamos ensina-las a nossos filhos? Acredito que voces poderiam resolver o problema se escolhessem tres ou quatro idiomas dominantes a serem ensinados em todas as escolas da Africa, e que fosse obrigatorio, ate’ para os proprios paises. E’ o que a Africa deseja, e, dessa forma, o governante ou o governo podem negligenciar essa decisao. Linguagem e’ fundamental, pois podemos apenas nos relacionar com nossas religioes, culturas, heranca, artes, musica efolklore africanos atraves da linguagem de nossos ancestrais.
Se perdemos esses idiomas, perdemos nosso vinculo com nosso passado, nossa historia, e nossas raizes. Espero que sejamos capazes de solucionar esse dilema. Naturalmente, ha’ propostas de alguns lideres que advogam a adocao do swahili, arabe, hausa e amharic, isto e’, tres ou quatro linguagens, e sua imposicao compulsoria na Africa, enquanto continuam a ensinar as linguagens faladas, assim eles podem conversar com a familia e no nivel popular da convivencia.
E’ obrigatorio que esse dilema seja solvido, e eu espero que voces deem a ele plena atencao, porque, de outra maneira, nos vamos perder nosso passado e ficaremos suspensos no ar sem raizes.
O segundo assunto em pauta e’ a religiao africana. E’ uma vergonha dizerem que a Africa conheceu Deus apenas depois do Colonialismo Ocidental,
apos adotar o Cristianismo. E’ uma mentira e uma premissa historica vergonhosa, e voces intelectuais sabem disso. Como pode a Africa ter conhecido Deus so’ depois da Conferencia de Berlin de 1885? A Africa conhecia Deus antes que Berlin fosse sequer construida, e antes que fosse habitada. A Africa conhecia Deus. Estudei teologia africana e religioes africanas, e descobri que religioes africanas, ao contrario do que se disse sobre elas, nao sao pagans.
Sao religioes monoteistas como a religiao de Abraao – a paz esteja com ele – com a qual a religiao comecou, e foi concluida com Maome’ , o ultimo dos profetas.
Religioes africanas sao monoteistas. Fiz uma comparacao entre o Corao e as religioes africanas e conclui’ que elas sao monoteistas e consistentes com o Corao em grande proporcao. Descobri os nomes gloriosos de Deus mencionados no Corao nas religioes africanas..No Islan, entreos gloriosos nomes de Deus estao: O Unico, O Senhor de Majestade, O Senhor dos Ceus, O Supremo, O Imemoravel, e O Criador.
Esses estao entre os nomes gloriosos de Deus citados no Corao, que foi completamente compativel com as religioes africanas ancestrais. Quando, na linguagem de Uruba, na Nigeria, Africa Oeste, eles falam de “Velho Maary”, isso quer dizer “O Unico, O Senhor de Majestade”, O Eterno e O Digno de Confianca.”
Essas palavras, “O Unico, O Senhor de Majestade, O Etrerno, e O Digno de Confiance” sao mencionadas no Corao como atributos de Deus. “Aris” em Uruba significa “a unica fonte de existencia”, que e’ o mesmo significado de Primeiro Criador, e “Jobi” em Timbuca, em Malawi, quer dizer “O Doador” ou “O Concessor”, como no Corao. Quando dizem “Kajenjo” em Uganda, querem dizer “O Senhor do Universo, como o Corao se refere a Deus. “Roshobura fouz” em Burundi significa “ O Senhor”, como no verso do Corao “ Senhor do Dia do Julgamento, e’ a vos que adoramos e pedimos misericordia”. Quando, tambem, as tribos Lou do Kenia dizem “Nyakalaga”, referem-se a “O Imemoravel”, “Wak” na Etiopia significa “O Senhor doCeu”, “Sousa” em Zala, Etiopia, quer dizer “O Senhor do Universo”, e “Laifi” em Mindi, Sierra Leone, traduz-se por “O Supremo Criador”. Nao vamos revisar os 99 gloriosos nomes de Deus, todos os quais encontrados nas religioes africanas. Isso e’ suficiente, no que concerne a linguagen.
Quanto a religiao africana, temos de voltar ‘a nossa religiao africana. Agora dizem, “E’ a religiao da selva”. Entao, e’. Necessescitamos uma revolucao cultural que restore nossos idiomas e os de nossas religioes monoteistas..
Eu sei do que falo: sou crente e sou muculmano, e sei que o retorno ‘as religioes africanas e’ um retorno ‘a religiao pura sem idolatrias. E’ uma vergonha o que nos dizem, “Voces so’ conheceram’ Deus depois do colonialismo ocidental… Fomos nos que ensinamos a voces sobre Deus, Cristianismo e religiao.” Agora, depois de me dirigir ‘a linguagem e ‘a religiao africanas, vamos a outros assuntos que nao sao moralmente comparaveis, mas sao contudo importantes.
Chegamos ao habitat africano, a cabana africana. Eu gostaria que intelectuais e arquitetos desenvolvessem um programa para impedir o desaparecimento do chale’ africano. Nao se deve permitir que ele acabe, e seja substituido por cimento, concreto, e predios que sao apropriados para a Escandinavia,os esquimos, Islandia, Terra Verde e Alaska. .
Nao deveriamos trazer esses predios para a Africa porque nao nos sao convenientes. A cabana africana e’ mais adequada ao meio ambiente da Africa., ao clima e aos costumes africanos. E’ de baixo custo, ja’ que e’ construida com materiais locais ja’ disponiveis, e a familia constroi sua propria cabana. Vivemos em cabanas ha’ centenas de anos sem sofrer qualquer dano; ao contrario, somos muito saudaveis. A cabana e’ higienica e dispensa arcondicionado que temos de comprar da Europa ou gas que e’ injetado no ar-condicionado. Nao precisa de ventilacao artificial, porque e’ naturalmente ventilada.
Espero que a cabana africana seja preservada, e que se conduzam estudos sobre o meio ambiente e suas consequencias, pois isso poderia preservar a cabana africana. A razao e’ que eu visitei por terra varias regioes da Africa Ocidental, Africa Central, Africa Oriental e Africa do Sul. Viajei de carro, e podia ver as cabanas, visitar as aldeias, observar seus habitantes e sentar com eles. Descobri que cada pessoa de uma familia tem sua propria cabana; havia uma cabana cozinha, outra para morar, e, nas proximidades, outra para animais. Quando eu comentei, brincando,com um africano, “ Nos lhe dariamos um carro de luxo, como o Cadillac, o Mercedes, ou o Rolls Royce”, ele disse, “Nao tenho necessidade de carro. Estou instalado aqui e tenho tudo”.
Entao eu disse, “Otimo, e se construissemos uma estrada pavimentada?”, Ele disse, “O que faria eu com uma estrada? Deixe a terra do jeito que ela esta’. Tenho arvores frutiferas, cultivo sementes e tenho alguns animais que vivem sob as arvores. Quando preciso de agua, o rio e’ proximo”. Se fossemos
construir para ele uma estrada pavimentada, fornecer-lhe um carro, e uma casa de concreto,
nos provavelmente o destruiriamos,e o apresentariamos ao inferno de concreto. Por favor, preservem a cabana africana!
Espero que vosso encontro historico resulte em alguma coisa concernente ‘a linguagem, religiao, cabana e roupa africanas. Espero que nao se substituam roupas africanas por roupas europeias, porque o clima europeu e’ diferente do nosso, suas construcoes sao diferentees das nossas, nos andamos a pe’ e cavalgamos animais de carga, enquanto eles viajam em satelites e trens.
Quando tivermos um astronauta africano, ele se vestira’ como astronauta, mas agora nossas criancas, nossas mulheres, nossos velhos, e nossos parentes devem insistir em indumentaria africana, que foi idealizada para acomodar o clima e o meio ambiente africanos. Por favor, nao os ocidentalizem algum dia, porque seremos deturpados. Nossa religiao foi deformada, nosso idioma foi estragado, nossos povos talvez sejam desfigurados, e depois nossos trajes tipicos provavelmente serao deturpados, depois do que vao mudar nossa alimentacao, bebida e cozinha.
Nossa cozinha africana e nossa comida africana precisam permanecer iguais, e nos nao deveriamos ficar deslumbrados pela America ou Europa. Vamos a seus restaurantes la’ e os vemos comerem insetos e rans e prepararem todo tipo de pratos, que estao de acordo com eles, mas nao conosco. Ha’ comida na Europa que se nos, na Africa, tivessemos que comer, provavelmente morreriamos.
Estive uma vez na Inglaterra em 1996 assistindo a um curso como representante, e ouvi uma pessoa dizer a seus filhos,” Nao comam porco nos meses que nao tem “r”, maio, junho, julho e agosto” , porque esses quatro meses sao de verao, o que significa que o porco sera’ prejudicial. Quando nos, num clima quente, comemos porco, isso poderia nos causar um grande mal, o que e’ medicamente comprovado. Cozinha e comida africanas estao de acordo conosco, com as funcoes vitais de nosso organismo, e nosso meio ammbiente. Nossos animais cuja carne comemos e cujo leite bebemos, nossa terra e o as plantas que nela crescem, sao diferentes dos deles. Entao, espero que eles nao nos despojem de nossas vestimentas e nossa comida, e que naovenham ‘a nossa cozinha tipica, ou nossas casas, ou religiao, e nosso idioma, e nos privem de tudo aquilo que constitui nossa identidade.
Eu gostaria que a Africa tivesse um sistema de referencia e estabilidade, e ja’ escrevi sobre isso. Tenho um website, Algathafi Speaks. Seu enderecoe’ www.algathafi.org , e pode ser acessado em arabe, ingles e frances. Sempre escrevo meus pensamentos nesse site para o mundo. Ja’ escrevi sobreautoridade e estabilidade na Africa, e espero que voces leiam…
A Africa precisa autoridade e estabilidade. Como voces sabem, a Africa, depois do colonialismo, passou por uma fase de liberacao nas maos de grandes lideres como Nkrumah, Bin Bella, Nasser, Nyrere, Lumumba, Modibo Keita, Kaunda, etc. Aqueles lideres foram os pais fundadores da Organizacao da Unidade Africana (OAU), entretanto, o colonialismo conspirou contra essa classe de lideres e decidiu expulsa-los e substitui-los por seus proprios lacaios. De fato, Kwami Nkrumah foi derrubado, Lumumba foi fisicamente liquidado. Modibo Keita foi destronado. Nasser sofreu sessenta atentados ‘a vida, e Ahmad Sekou Toure sofreu 40. Nao quero mencionar cada um deles, pois pode haver alguma suscetibilidade.
O essencial e’ que a Africa sob esses lideres viveu sua idade de ouro. Eles fundaram a OAU, e provaram a vontade de liberacao e a determinacao de unirem a Africa e faze-la progredir, mas o colonialismo conspirou contra eles e os aniquilou.
A partir desse estagio, a Africa entrou numa fase de golpes de estado militares. Assim, os governantes da Africa tornaram-se equipes militares que so’ sabiam ciencia militar; alguns deles eram funcionarios graduados nao nomeados que foram promovidos a categorias mais altas. Algumas vezes, era o oficial nao graduado que organizava o golpe.Os lideres africanos tornaram-se muito fracos, pois essa classe nao conhece politica, economia, sociedade, tecnocracia, gerencia e ciencia. Assim, a Africa passou pela farsa dos golpes militares, e eu mesmo fui testemunha.
Cada pais africano sofreu tres ou quatro golpes, e o unico resultado que esses golpes produziram foi uma sucessao de oficiais nao graduados e um periodo de instabilidade. A isso seguiu-se uma terceira fase, a do pluralismo e eleicoes. Golpes de estado sao como eleicoes. Em arabe, as duas palavras rimam, mas nao sei se rimam em ingles e frances.
Isso so’ levou a mais instabilidade, com presidentes se alternando a cada quatro anos. Da mesma forma, algumas constituicoes limitaram o presidente a dois termos. Presumindo que o presidente fosse bom, entao por que controlar a vontade do povo a cada dois anos?
Se o povo o quer, que lhe sejaconcedida a oportunidade. Sinto que constituicoes africanas precisam levar em conta o fato de nao impor constituicoes ‘a vontade do povo. Se um povo quer eleger um presidente uma vez, duas ou dez vezes, a constituicao deveria consentir que eles o fizessem.
Por que o povo deveria ser privado de um presidente eficaz que tem um programa que ele quer cumprir. Mas, ele nao esta’ capacitado a fazer isso, e e’ forcado a abrir mao de seu cargo em favor de um outro (presidente) que pode ser seu oposto total e pode ate’ malograr seu programa original.
Eleicoes nao nos trazem estabilidade, nem beneficios, e pluralismo e’ uma simples formalidade para preencher as instrucoes do Banco Mundial, doWTO, do FMI, da Uniao Europeia, e dos Estados Unidos. Eles todos exigem o estabelcimento do pluralismo como condicao para prover ajuda e emprestimos.
A America em si nao tem pluralismos, nem a Inglaterra, Espanha, ou Italia… Eles sao todos governados por um partido; a America e’ administradapor um presidente e um partido. Em essencia, ha’ dois partidos, mas sao puramente plataformas e nao partidos de verdade. E a Africa, entao? Nos na Africa nao conhecemos partidos; somos tribos e mais proximos do sistema popular Jamahiriy, e dos congressos populares e das comissoes populares, que estao mais de acordo conosco. Nossos povos nao conhecem partidos e nao sabem sequer o que sao eleicoes.
O Egito, por exemplo, e’ independente de longa data; ainda assim, quando houve eleicoes no Alto Egito, perguntaram a um cidadao, “Em quem voce vai votar?”, Ele respondeu,” Sa’ ad Zaghloul”. Esse Sa’ ad Zaghaloul morreu em 1920, mas permaneceu na mente do povo. Num pais africano proximo daqui, eles distribuem fotos dos candidatos, assim o povo pode identifica-los quando vir as fotos nas urnas. As pessoas pegaram as fotos, levaram para casa e penduraram na parede.
Quando indagados por que nao tinham votado, eles responderam: “Entendemos que deveriamos apanhar as fotos ependura-las em casa. Nao sabiamos!” Ate’ os referendums sao desconhecidos de nosso povo; essas praticas nao sao adequadas a nossos costumes.
A verdade do que realmente importa e’ que nos envolvemos numa outra fase de instabilidade, que e’ a das eleicoes do pluralismo.
Assim que isso se provou um fracasso, nos metemos em outra fase, a das rebelioes. Um presidente eleito enfrenta um motim antes que termine seu mandato no governo, e os exemplos estao ai’ para vermos. Na Costa do Marfim o presidente eleito esta’ enfrentando uma insurreicao,e na Libreia o presidente eleito foi deposto por uma rebeliao.
O mesmo aconteceu na Guinea Bissau e em Sao Tome’ e Principe, onde o presidente foi reinstalado pela ECOWAS, e na Africa Central… Ha’ tambem revoltas no Sudao, Chad, Burundi, Rwanda e Uganda. Portanto, eleicoes nao resolveram o problema.
Precisamos de estabilidade, o que exige continuidade da lideranca politica. O poder precisa ser controlado pelo povo atraves de congressos populares e de comites populares. Sao as massas e os congressos populares e os comites populares que sao estaveis. Entretanto, tem de existir uma autoridade, que se torna necessaria quando acontece uma disfuncao como no caso de Sierra Leone, Liberia, Africa Central e Burundi. Em alguns paises do mundo, como voces sabem, ha’ um rei ou uma rainha que nao e’ parte do poder executivo ou legislativo do governo, mas e’ uma autoridade de reserva que servede arbitrio quando os duas divisoes entram em desacordo.
Tal autoridade e’ obrigatoria, e se nao esta’ concretizada na figura de pessoas como reis ou presidentes permanentes, como foi o caso na Africa na fase inicial depois da independencia, e’ mandatorio ter uma autoridade, a qual e’ questionavel na Africa. Paises europeus e outros paises do mundo tem uma autoridade, seja realeza ou presidente, que nao possui relacao com os setores executivo, legislativo e judiciario do governo. Mas esta’ disponivel, assim sua opiniao pode ser solicitada. Nos paises em que nao ha’ monarquias, existe uma autoridade legal, seja a Corte Suprema ou a Corte Constitucional, cujas decisoes sao aglutinadas. Nos, entretanto, nao temos tais cortes, e nao podemos estabelecer uma corte imparcial e estavel cujas decisoes sao legalmente impostas; o governo deveria instituir uma corte que reconheca sua submisaso e lealdade a ele. Em consequencia, tem de haver uma autoridade.
Alem disso, deveria ter uma ligacao entre a patria africana e os paises do seu Diaspora. Tem de existir uma politica externa unida, uma economia unida, e uma defesa unida, a qual, em ultima analise, levaria a uma posicao de negociacao unificada. O Presidente Abdullah Wad me disse outro dia que quando uma empresa estrangeira veio tentar explorar oleo no Senegal, eles disseram, ” Exploramos o petroleo desde que a compania obtenha 85% e o Senegal 10 ou 15%”. Entao, ele (Wad) lhes respondeu:” Nao, se este e’ o caso, deixem o oleo permanecer no subterraneo para a posteridade, que estara’ em melhor condicao de negociar o inverso, e assim o Senegal ganharia 80% e a empresa teria 15 ou 20%”.
Esta e’ posicao correta e habil. Tinha sido a situacao na Libia antes da revolucao e foi revertida depois. Mas o problema e’ que cada nacao africana isolada nao possui uma forte posicao de negociacao.
Qual o poder da Libia, Senegal, Gambia, Malawi ou Burundi, por exemplo, antes do colosso americano, do colosso europeu, Japao, China, Espanha, das Nacoes Independentes do Mercado Comum que eram parte da ex-Uniao Sovietica ou dos Paises do Rim Pacifico? Qual e’ nosso poder de negociacoes face a esses gigantes? Nao teremos qualquer perspectiva a nao ser atraves de uma forte posicao para negociacoes, que pode apenas surgir se a Africa tiver um ministro do exterior, e um ministro de comercio exterior. Isso uniria ainda mais as alfandegas, e assim a mesma tarifa e’ arrecadada sobre uma mercadoria, que ela entre na Africa do Sul ou la Libia.
Quando ha’ um ministro do exterior, voces podem ser contatados em outros paises atraves de um instrumento.
Uma so’ defesa africana e’ necessaria. Todos esses sao inter-ligados ; a economia, o comercio estrangeiro, a politica externa, e a defesa. Espero que vossa conferencia adote medidas de apoio a essas ideias, e que voces ponham pressao constante nos governos e nos componentes da Uniao Africana, ate’ que eles estabelecam um unico ministro de politica externa africano um unico ministro do comercio exterior africano e um unico ministro de defesa africano.
Naturalmente, quando a Uniao Africana foi instucionalizada eu propus o estabelecimento de um Congresso Africano.
Foi de fato uma extensao do Congresso Nacional Africano.
Esse era o nome da organizacao criada na maioria dos paises da Africa durante o estagio da liberacao, e, sob esse preceito,muitos paises africanos conseguiram se libertar.
Dessas especificacoes historicas, eu conceptualizei o nome de Congresso Africano, assim ele seria como o Congresso Americano.
Teria o poder de promulgar leis,
de forma que o poder revertesse para a Nacao Africana, os Povos Africanos,
os cidadaos africanos comuns afiliados ao congresso.
Infelizmente, eles constituiram um Parlamento Africano consultivo sem qualquer poder.
Espero que evoluam em Congresso Africano real.
Por que iriamos temer a autoridade de um Congresso Africano?
Voces do Diaspora talvez tenham boas perspectivas. Um ou varios de voces sao capazes de ocupar posicoes importantes nos Estados Unidos, America Latina, America Central, ou Europa. Entretanto, notei que quando um preto chega a um posto alto, ele decepciona nossas expectativas, ou exagera sua adesao ‘a cultura europeia ou ‘a cultura americana a ponto de ficar mais Yanque que os proprios Yanques. Em outras palavras, elese torna mais realista que o rei.
Por que deveriamos adula-los? Tivemos antes de nos o exemplo dos judeus na America: e’ muito leal ao pais que eles estabeleceram unilateralmente em 1948, a que chamam Israel, e aproveitam todos os recursos do pais (em que estao) para apoiar esse estado minusculo. Entretanto, isso nao osobriga a renunciar a sua cidadania americana ou sua fidelidade a America ou se voltarem para o terrorismo, violencia, forca ou traicao.
Eles exageram seu patriotismo americano, mas so’ para usa-lo no sentido de promover os interesses do que consideram sua patria ou sua Terra Prometida.
Por que um preto quando alcanca uma posicao importante nos Estados Unidos ou na Europa ele nao usa sua cidadania desse pais para promover os interesses de sua patria, Africa… Essa mina precisa explodir, e nos devemos passar em silencio sobre a verdade, mas discutir isso ate’ na America.
Quando vamos para a America, nos todos viramos americanos.
Nao ha’ um unica raca ou nacionalidade americana. Americanos sao os africanos, os indianos, os chineses, os europeus e toda pessoa que vai para aAmerica e se torna americana. O que chamam America e’ a terra dos Indios Vermelhos, que nao sao Yanques nem brancos. Os Indios Vermelhos vieram da Asia e da Africa, imigraram para la’ e foram erroneamente chamados indios. Esses povos foram os habitantes indigenas da America e os donos da terra. Quanto aos outros, nao tem direito a monopolizar o poder ou a riqueza ou monopolizar a America para eles mesmos e excluir os outros.
Na America somos todos iguais, pretos, brancos, amarelos, e coloridos. A America nos pertece a todos, porque todos os povos construiram a America… Nesse caso, nao tenho vergonha de proclamar meu direito ‘a America, e quando levanto minha voz na America nao sou um estrangeiro. Tenho em mira
voces, nao importam as circunstancias que os levaram ‘a America. Voces sao agora cidadaos americanos, entao por que estao timidos, e por que bajulam os brancos para conservar seu emprego e ganhar a aprovacao deles?
Quando voces estao insatisfeitos, voces constituem uma ameaca a eles, porque voces podem pedir separatismo e procurar vinganca porque eles o tiraram de sua terra natal como se fosse um animal, e os despachou em navios como escravos.
Eles os transportaram atraves do oceano para secar ospantanos do pais deles e construir suas estradas de ferro. Sao eles que deveriam nos bajular, porque foram eles que inflingiram horrores a nossos ancestrais, e penaram que nos iriamos permanecer calados e contentes por sermos americanos, e que nos esquecemos o que foi a escravidao e aepoca em que eles jogavam nossos ancestrais no oceano, quando estavam doentes ou se revoltavam. Nos nao esquecemos nada disso.
Tenho ainda alguns comentarios restantes, bem curtos. Quero apelar aos intelectuais africanos que nessa ocasiao obtenham o Livro Verde. Eles deveriam estuda-lo bem e pedir sua utilizacao na Africa, para podermos evitar todas as armadilhas enquanto tentamos construir a nova Africa.
Deveriamos fazer isso sem imitacoes cegas, ja’ que nosso meio ambiente nao e’ adequado para importacoes sociais, economicas e politicas.
Espero que voces leiam o Livro Verde e que possamos reverter o poder ao povo.
Espero, como resultado dessa conferencia, irmaos Presidente Wad e Presidente Konare, que vossa assistencia seja extendida a nossos irmaos africanos do Diaspora para ajuda-los a constituir uma associacao ou uma organizacao que possamos contatar, assim nao permanecerao como
individuos dispersos no Diaspora.
Os judeus de toda parte, como dissemos, embora leais ‘a sua patria no Diaspora, usam-no para servir o que eles consideram ser sua patria. Nos, africanos, devemos ser assim. Nos, pretos, precisamos ser obedientes aos paises em que moramos, mas deveriamos usar essa fidelidade no interesse de nosso continente e nossa patria.
Espero que voces lancem um apelo forte pelo estabelecimento rapido dos Estados Unidos da Africa.
Em consequencia, nao deveriamos dizer queos paises africanos sao muito numerosos e dificeis de unificar.
Ao contrario, nosso tamanho e’ equivalente ao de um pais. A partir dai’, somos uma nacao, uma cor, uma raca, e formamos um so’ idioma.
Temos uma religiao e uma identidade., e nao aceitamos uma coisa chamada etnicidade racial. Nao ha’ racas na Africa, mas uma so’ raca africana.
Ate’ os que vieram de outros paises e se instalaram na Africa se tornaram africanos no fim do dia. Ate’ os arabes que vieram para o Norte da Africa sao agora africanos, apesar deles mesmos. Alguns arabes, que vieram ha’ cinco mil anos, que sao os arabes Berbers, e os arabes que vieram depoisdo Islan, ha’ mil anos, tornaram-se depois pretos e sao africanos, como os povos que vieram posteriormente. Muitos povos vieram para a Africa, e agora na sabem que foram de origem arabe. Sao indianos e indonesios que agora nao dizem, “Somos indianos ou indonesios”, mas declaram,
” Somos africanos”.
Voces deveriam promover um so’ idioma africano, um unico ministro africano do exterior e ajudar a acelerar a instituicao dos Estados Unidos da Africa.
Alem do mais, ha’ a drenagem de cerebros. Mandamos nossos filhos para estudar e eles nao mais retornam. Eles acham as fabricas e a tecnologia que aprenderam naqueles paises, mas nao na Africa. E’ uma perda enorme, que significa que ensinamos nossos filhos do jardim de infancia a universidade para beneficiar os paises coloniais. Assim que se formam, eles vao para estudos superiores em outros paises, e ficam por la’, e nos os perdemos. E’ um dilema sobre o qual devemos refletir, e voces precisam se comunicar com os que perdemos, assim eles podem se unir ao Diaspora africano. Voces deveriam ser seus mentores, para que o aprendizado que eles adquiriram seja posto a servico do continente africano, e ao de sua patria, que forneceu sua educacao ate’ que eles se formaram.
Vemos paises como a Australia e outros paises nas Americas, onde povos africanos sao os indigenas, mas os brancos controlam esses paises como se fossem eles a populacao indigena. Nao mais podemos tolerar que a situacao continue. Como podemos estar presentes em ilhas em torno da Africa, em varios paises que abrigam um vasto Diaspora, e ainda permanecermos estrangeiros nos Estados Unidos, Australia, Inglaterra, Canarias, Malvinas e Reunion? Esses sao nossos paises., onde somos os habitantes indigenas que la’ chegaram e os encontraram vazios, e ali nos instalamos , e eles vieram depois de nos.
Quero recordar nossas glorias, nossa historia, e nossa civilizacao com o fim de me sentir equipado o sufiente para enfrentar os desafios e ter auto-confianca. Nao somos escravos, e conhecemos Deus antes deles. Tivemos civilizacoes antes das deles.
Lembramos o Imperio Yoruba, o Imperio Congo, Imperio Dahomey, Imperio Mali, e os reinados dos Ashanti, dos Savana, e dos Kinara. Isso mostra que somos uma nacao civilizada e povos civilizados.
Saudo essa confraternizacao, e estou orgulhoso de voces. Extendo a mao a voces, e gostaria de vos dizer que sua irman Libia esta’ a vosso dispor, e que e’ seu pais. Saudo meu irmao Presidente Abdullah Wad, esse intelectual, lider dinamico, e o Professor Konari, que aprecia intelectuais.
Juntos, os dois patrocinaram essas atividades, e eu simplesmente os ajudei.
Tenho uma declaracao final. Certa vez pedi a todos os paises africanos que me informassem sobre a patria de Gabriel, que foi executado em 1800 por ter liderado uma autentica revolucao na America contra a escravidao.
Ele planejou a rebeliao, e atacou a cidade de Richmond junto com milhares de escravos, com o proposito de instituir uma nacao independente para pretos, mas foi preso e executado.
Eu estava tentando encontrar seu pais, enunca recebi uma so’ resposta ate’ hoje. Espero que voces pesquisem isso, e achem uma resposta; assim podemos construir para ele um monumentoem sua patria, a Africa.
Eu vos saudo. Que a paz esteja convosco.
Vida longa ‘a Africa! Vida longa aos Estados Unidos da Africa!
A batalha continua!
O Irmão Líder dirige-se aos Estudantes da Universidade de Oxford sobre a África no século XXI
Boa noite a todos. Agradeço aos organizadores deste encontro com a faculdade, aos estudant…