ISRATINA
Este Livro Branco apresenta o problema de modo sério, objectivo e neutro. Aspira a uma solução final e justa ao persistente “Problema do Médio Oriente”, como é conhecido, e aspira livrar a região dos efeitos desastrosos da violência, guerra e destruição.
O trabalho inclui pontos de vista e conceitos já antes apresentados, tanto pelos Árabes como pelos Judeus. Além de projectos internacionais que apoiam e justificam a solução proposta neste trabalho, não existe nenhum outro conceito que poderá resolver o problema.
Palestina:
Este é o nome que se encontra registado na História e Escrituras do país. Deriva do nome dos habitantes originários, os Filistinos, que o Antigo Testamento, o Livro de Génesis, Deuteronómio e Josué reconhecem. O Antigo Testamento regista os nomes, inter-alios, do Anakim, Refaim, Canaanitos, Jebusitos, Hitites e os Fenícios, e o Livro de Êxodo afirma explicitamente, “Quando o Faraó deixou partir o povo, Deus não os conduziu pelas terras dos Filistinos…
O nome da Palestina persistiu durante o Mandato Britânico, reconhecido por vários projectos e acordos. É um facto reconhecido até pelos fanáticos do Movimento Sionista; por exemplo, Shmuel Katz, fundador do Movimento Sionista Herut e um dos chefes da Organização Militar Nacional Etzel, escreveu, “O nome da Palestina consta em todas as instituições Sionistas do Mundo”. Seus exemplos incluem o Banco Sionista “Anglo-Palestina”, a Fundação do Fundo Judeu, e a Fundação do Fundo Palestiniana, que era Judeu. Anotou, que na Diáspora, as canções da Palestina eram hinos Sionistas, e como emigrantes em países estrangeiros, os Judeus celebraram a Festa de Tabernáculos como sendo a Festa Palestiniana de Tabernáculos. O jornal “Palestine Post”, que teve o nome de al-Barid al-Filistini, era um jornal Sionista, o porta-voz da Federação Sionista. “O nome da Palestina só foi substituído após o estabelecimento daquilo que ficou a ser chamada o Estado de Israel”.
Shmuel Katz admitiu que a língua Hebraica só foi utilizada no Século X. Até o Presidente Roosevelt dos Estados Unidos da América respondeu ao Príncipe Abdallah da Jordânia em Março de 1944, escrevendo, “No que diz respeito à Palestina, tenho o prazer de comunicar que os Estados Unidos da América não tencionam tomar qualquer decisão para mudar a situação na Palestina, sem total consulta dos Árabes e dos Judeus”.
De modo geral, não obstante o nome, a história da Palestina encaixa no perfil dos outros países da região: um país habitado por diferentes povos, cuja governação passa sucessivamente entre as tribos, nações e grupos étnicos, uns dos quais eram imigrantes e outros invasores, um país que foi testemunha das numerosas guerras e ondas da imigração humana de todas as direcções.
Do ponto de vista histórica, portanto, ninguém tem o direito de afirmar que a terra é sua, porque isso seria mais do que uma reclamação sem fundamentos. Se não existe um único partido que pode reclamar o direito a uma parte da Palestina, também não podem reclamar qualquer outra parte.
Um Estado para os Judeus:
A ideia original foi criar um estado Judaico com o objectivo de proteger os Judeus, uma ideia inicialmente adoptada por Theodor Hertzl, entre outros, em tempos recentes. O motivo imediato foi a perseguição que os Judeus foram sujeitos, especialmente na Europa, antes do tempo do Hitler.
O Chipre, a Argentina, a Uganda, a Al Jabal Al Akhdar, a Palestina e o Sinai foram propostos para serem locais para o estabelecimento do Estado Judaico como modo de livrar a Europa dos Judeus. Portanto a Palestina não é necessariamente ou inevitavelmente a pátria dos Judeus.
A Declaração de Balfour:
O motivo essencial da Declaração era livrar a Europa dos Judeus em vez de expressar simpatia por eles.
A Perseguição dos Judeus:
Os Judeus são um povo infortunado. Tem sofrido muito nas mãos dos governos, líderes e outros povos desde dos tempos antigos. Porque? Porque essa é a vontade de Deus, tal como ilustram os relatos de Faraós do Egipto, e o seu tratamento nas mãos dos governantes da Babilónia, imperadores Romanos, desde Tito a Adriano, e os Reis da Inglaterra, como Eduardo I. Os Judeus foram banidos, cativos, massacrados e perseguidos em todas as maneiras às mãos do Egípcios, Romanos, Ingleses, Russos, Babilónios, Canaanitos e, mais recentemente, às mãos de Hitler.
Os Árabes e os Judeus:
Não existe inimizade entre os Árabes e os Judeus. De facto, os Judeus são primos Adanitos dos Árabes do lado paterno, dos descendentes de Abraão, que a paz esteja com ele. Quando os Judeus foram perseguidos, os seus irmãos Árabes convidaram-nos a viver com eles na cidade de Al-Madinah, dando lhes a terra de Wadi al-Qura, assim chamado em referência às aldeias Judaicas (Al-Qura). Com o aparecimento do Islão sob o Profeta Mohamed, que a paz e benção esteja com Ele, os Judeus acharam que o profeta não lhes pertencia e era hostil e repugnante em relação a Ele. Sucederam ataques, assim como houve ataques contra os povos de Quarish, que recusaram aceitar o Islão e contra os Árabes que inicialmente aceitaram o Islão mas subsequentemente o rejeitaram. Os Judeus juntamente com os Árabes foram expulsos da Andaluzia no final do Século XV, e refugiaram-se nos países Árabes, dando origem aos bairros Judeus em todos os países Árabes. Viveram aí, em paz e amizade com seus irmãos Árabes.
Propostas de Estado Único Propostas Britânicas
A- Walkhope
A Proposta do Alto-comissário Britânico na Palestina no início dos anos 30, indica a criação de um Conselho Legislativo Palestiniano composto por 11 Muçulmanos, 4 Cristãos e 7 Judeus, em proporção da demografia da Palestina na altura.
B- Newcomb
- i) Estabelecimento de um Estado independente e soberano da Palestina.
ii) Liberdade sectariana expansiva.
iii) Liberdade municipal expansiva.
- iv) Descentralização.
C- Documento Branco Britânico de 1939
- i) Estado independente federal da Palestina.
- ii) Conselho Consultivo composto por Árabes e Judeus.
iii) Conselho Executivo composto por Árabes e Judeus.
D- Lorde Morson
- i) Governo Central.
ii) Quatro áreas administrativas: área Árabe, área Judaica, Jerusalém e o Negev.
iii) Governo Local e Conselho Legislativo para cada área.Todas essas propostas foram rejeitadas por razões não-substantivas: por exemplo, a não-satisfação do tamanho das áreas ou cidades atribuídas para um lado, divergências sobre a duração do mandato Britânico, ou assuntos relacionados com o número de imigrantes.
Propostas Sionistas
1) A primeira proposta foi avançada pela chamada “Federação da Paz”, dirigida pelo Rabi Benjamin, propondo um estado de duas nações. Os Judeus foram avisados que a não-aceitação de um estado de duas nações não trará a paz para eles. Tal como previsto, foi exactamente isso que aconteceu.
2) A solução confederal ou federal proposta por Mieer Imit, um líder de destaque do Movimento Sionista e a Organização Hagana, titular de varias posições militares de renome, membro de Knesset e Ministro, e titular de outras posições.
Este acredita que a concessão estratégica das terras ocupadas que naturalmente seriam territórios como Sinai, Golan, Margem Ocidental e Gaza, significava ganhos tangíveis para os quais não haverá compensação. Apesar do Egipto ter oferecido tais ganhos a situação estava sujeito a mudança repentina. Debateu a possibilidade de estabelecer um estado federal dando como exemplos da União Europeia, os Estados Unidos da América que, de acordo com ele, teve 13 anos de caos até 1789; a Nigéria, um estado multidenominal e multinacional, do seu ponto de vista. Escreveu que existe na Palestina as considerações económicas, militares, geográficas e históricas que motivam tal solução.
Apontou também que a criação de um estado independente da Palestina constitui um grave perigo. Para evitar tal perigo, um estado único federal devia ser criado. “O problema da Jerusalém”, ele escreveu, “pode ser resolvido simplesmente em torná-la a capital de uma união federal”.
3) Proposta dos Sionistas Alemães. A 12ª Conferência dos Sionistas Alemães (A Escola Estrutural), reuniu-se em 11 de Setembro de 1921, e adoptou o conceito da criação de um estado único para as duas partes. “Estabelecendo, dessa forma, um lugar numa aliança com o povo Árabe- Palestiniano para segurança conjunta num estado em desenvolvimento. A sua estrutura garante o desenvolvimento nacional de cada pessoa de ambos os povos sem ingerências”.
Propostas Árabes
1) Primeira Proposta do Rei Abdallah
i) Um Reino.
ii) Administração seleccionada pelos Judeus nas áreas habitadas por estes.
iii) Um Parlamento, onde os Judeus seriam representados em proporção da sua parte demográfica.
iv) Gabinete Misto.2) Segunda Proposta do Rei Abdallah
A divisão da Palestina entre Líbano, Jordão e Egipto, com o restante deixado ao Judeus.3) A Proposta de Nuri Al-Said de 1942
i) Um único Estado
ii) A Autonomia Judaica dentro desse Estado.Todas as propostas antes de 1948 dizem respeito ao Estado Único e algumas propostas para os Judeus eram iguais às que os Palestinianos recebem hoje, em termos da autonomia e divisões de terra, etc.
A não aceitação da ideia de um estado único é portanto em erro histórico que está por detrás da tragédia actual. A declaração estabelecendo um único estado por uma parte para seu benefício próprio é igualmente um erro. O conceito da divisão falhou e acontecerá novamente.
Antes de 1948, os Judeus eram vistos do mesmo modo como os Palestinianos são vistos hoje. Eram uma minoria na Palestina, que alimentava ilusões à autodeterminação num dado momento e obtenção das áreas Judaicas noutro. Os Palestinianos foram uma maioria, motivo porque rejeitaram a tão conhecida resolução da divisão de 1947. Após 1948, a situação reverteu-se, os Palestinianos tornaram-se numa minoria em consequência das guerras de 1948 e 1967, os Judeus ficaram em maioria dentro das áreas da chamada Israel, tendo intimações de autodeterminação. Houve áreas árabes e divisões feitas aos Árabes, do mesmo modo que foram previamente feitas aos Judeus.
A Solução Histórica Final Proposta Neste Livro Branco
A razão para a explicação das várias propostas foi demonstrar que a ideia do estado único da Palestina encontrava-se sobre a mesa de negociações e que a rejeição dessa solução seria a causa da tragédia actual na região. A alternativa à solução de um estado único é a que se verifica hoje.
Dois Estados: Riscos e Desilusões
O sábio e Brigadeiro Israelita que serviu como comandante militar da Margem Ocidental de 1974 a 1976 disse uma vez que não era possível aceitar a divisão da Palestina ou concordar a uma governação estrangeira do território Israelita. Justificou a sua recusa com os seguintes factos que, apesar de críticos, não podem ser ignorados.
A Margem Ocidental é uma área montanhosa com a largura de 50km e uma altura de 1000 metros. Encontra-se sobre o coração vital de Israel – o plano costeiro tem uma largura de 20 km. 67% da população de Israel vive nessa área que também detém 80% das indústrias de Israel. A presença de uma outra parte na Margem Ocidental, não pode ser aceite porque seria uma ameaça directa ao coração de Israel.
O Brigadeiro Mieer Bael é um tolerante aderente da esquerda Sionista e membro do Conselho de Paz. No entanto afirma e sublinha, “O nosso direito da Margem Ocidental é histórico e muitos acreditam que é “o coração da nação Judaica”. O nosso direito de o manter está sagradamente vincado nas tradições e direitos religiosos e históricos, que o povo de Israel acredita.”
O mesmo argumento está a ser levantado por a Margem Ocidental não ser concedida, baseada em motivos críticos por Arie Shalev, um sábio e Brigadeiro, “Se perdêssemos a Margem Ocidental,”, escreveu, “a largura de Israel entre o Tulkarem e a Natanya seria somente de 15km e 14 km entre a linha costeira da Qalqiliyah e da Hertsalia. Assim Israel ficaria exposto em face de qualquer ameaça devido à falta de profundidade estratégica. Em caso da guerra na Margem Ocidental, se um exército Árabe chegasse à linha costeira, Israel ficaria dividida em duas ou três partes”.
“Mesmo sem guerra, Israel ficaria sob a ameaça constante da Margem Ocidental e o espaço aéreo Israelita ficaria sob controlo da Margem Ocidental.
Continua afirmando, “Para garantir a segurança de Israel, a Margem Ocidental deve ser dividida em três posições defensivas, nomeadamente o Ghur e o Rio Jordão, sopé das montanhas de Samaria e o deserto de Judia, e os altos picos que ligam Jenin, Tobas, Nablus, os montes de Lafuna, Ramallah, Jerusalém, Belém e Tikwa” e ainda as linhas fixas de defesa no sul da Faixa de Gaza.”
“Qualquer área que divide os Palestinianos e os Israelitas não será uma fonte de segurança para Israel. De facto constituirá uma ameaça para a sua segurança.”
No entanto, apontou, “As políticas de Israel têm envenenado as ideias Sionistas de transformar o país num estado de duas nações.”
O Professor Shlomo Evneri afirmou, “O conflito Israelita-Palestiniano difere em relação aos conflitos dos Séculos IX e XX, que são essencialmente disputas de fronteiras, apesar de alguns durarem mais de 100 anos. No entanto, o conflito Israelita-Palestiniano difere em relação aos mesmos. É uma luta entre dois movimentos e cada um acredita que o mesmo território é seu ou que faz parte da sua nação. Assim, os Palestinianos acreditam que aquilo que é agora chamado Israel faz parte da sua nação mesmo se consigam assegurar a Margem Ocidental e a Gaza. Do mesmo modo, os Judeus acreditam que a Margem Ocidental é Samaria e Judia, parte da sua pátria, mesmo se um estado Palestiniano aí for criado.” Prossegue, escrevendo sobre a Margem Ocidental, “Para os Judeus, é uma pátria histórica, terra de uma herança gloriosa e terra da salvação.”
O Professor Evneri continua “Para os Árabes”, é a sua terra, que governaram como Árabes e Muçulmanos desde do Século VII. A maioria dos seus habitantes é Árabe Muçulmano e forma parte de uma pátria Árabe mais vasta, estendendo do Golfo até ao Oceano Atlântico, nada diferente do Iemen ou do Iraque”. Apontou também que os Árabes chamaram a esta terra Palestina ou Sul da Síria. Em contraste, o Movimento Sionista chama-lhe a Terra de Israel. Ele escreve “Em tal situação, qualquer um dos movimentos deve destruir o outro, ou deve-se chegar a um compromisso. O compromisso é o estabelecimento de um Estado para todos, que permite cada parte sentir que vive em todo o território em disputa e que não está privado de qualquer parte da mesma. O reconhecimento de autodeterminação da Palestina significa nada mais do que a definição da área da actividade permitido por Israel, que é contrario à solução uma vez que (ele acredita) isso não é nenhuma solução.”
O Professor Evneri escreve também, “Não apoio o estabelecimento de um Estado Palestiniano na Margem Ocidental e na Faixa de Gaza, porque não é possível tirar a identidade Palestiniana de um milhão de Palestinianos que vivem a leste da Jordânia. Um estado Palestiniano na Margem Ocidental e na Faixa de Gaza não pode resolver o problema dos refugiados, mesmo dos que se encontram no Líbano e na Síria…. qualquer situação que mantém a maioria de Palestinianos nos campos de refugiados e não oferece uma solução honrada dentro das fronteiras históricas territoriais de Israel/Palestina, não é uma solução. Mesmo se houvesse um Estado Palestiniano na Margem Ocidental e na Faixa de Gaza e se os Palestinianos estivessem dispostos a viver em paz com o Israel, sob qualquer liderança conciliatória excepto da Organização da Libertação da Palestina (OLP), isso não seria uma solução, uma vez que não enfrenta o problema dos refugiados e da repatriação, ainda que só para acomodar os refugiadas do Líbano na Margem Ocidental e na Faixa de Gaza, porque essa área não consegue receber tais números.
Yahu Shifat Herkabi, um estratega e sábio Sionista, professor universitário, especialista do conflito Árabe-Israelita e autor de vários livros, escreve, “A aceitação pela Organização da Libertação da Palestina de um estado Palestiniano na Margem Ocidental é mais do que uma postura táctica de resolver as disputas com Israel. Exige mais – Haverá uma luta para atingir os objectivos. A aceitação de um estado na Margem Ocidental e na Faixa de Gaza só adia a continuação da luta para uma fase posterior.
“As Zonas Desmilitarizadas são experiências amargas e falidas porque tornam fraco o controlo dessas áreas, e é uma forma de provocar a luta e não um factor da estabilidade.
“O criação de um estado Palestiniano independente também põem fim ao sonho de Israel de se tornar na Grande Israel, e força os Palestinianos a concederem o resto da Palestina. Tal estado ficaria cada vez mais exposto à ingerência por parte da Jordânia e dos Israelitas nos seus assuntos internos, que inevitavelmente conduzia a violência.”
Mati Steinburg, professor da Universidade Hebraica, escreve, “Qualquer Acordo com o objectivo de criar um Estado Palestiniano na Margem Ocidental/Faixa de Gaza, não seria interpretada, em circunstância nenhuma, como sendo uma concessão em lugar do objectivo final….. O Acordo não seria mais do que um curto estado no âmbito da teoria convencional, que não muda”.
Este Professor Sionista teme que um acordo de autodeterminação se refira também aos chamados Árabes de Israel e Palestinianos da Jordânia.
A SOLUÇÃO HISTÓRICA FUNDAMENTAL
Isratina: Um Estado Único para Judeus e Palestinianos
Pré-Requisitos
Do mesmo modo que é permitido o regresso dos Judeus que não são habitantes originários da Palestina e cujos antepassados não foram habitantes originários do país, deveria também ser permitido o regresso, caso queiram, dos refugiados e deslocados Palestinianos de qualquer ponto do globo. Essa justificação é mais persuasiva, dado que os Judeus insistem em como os Palestinianos não foram por eles expulsos mas sim que fugiram das suas casas acreditando na campanha da Propaganda. É suficiente anotar que um dos mais conhecidos fanáticos, Shmuel Katz, membro do primeiro Knesset, e chefe do Movimento Herut e da organização Militar Nacional Itzel, citou as palavras de Glubb Pasha: “Os cidadãos Árabes foram sequestrados com terror e fugiram das suas aldeias sem estarem expostos à qualquer ameaça durante a guerra.”
Shmuel sugere que foi assim que a mentira emergiu para os Judeus expulsarem forçosamente os Árabes das suas aldeias. Escreve, “Os correspondentes que cobriram a guerra de 1948, maioria dos quais eram hostis aos Judeus, descreveram que os Árabes fugiram. Mas não disseram que a sua fuga foi forçada. Nem sequer sugeriram isso”. Assim Shmuel reconhece o fenómeno da fuga. Reconhece também que tal ocorreu numa escala significativa. Reconhece também que foi uma fuga maciça de camponeses, que deveriam ter ficado firmes nas suas terras. Shmuel continua, “os homens fugiram sem defender as suas casas e esse fenómeno da fuga colectiva maciça dos Palestinianos requer uma explicação lógica. Cita também as palavras do correspondente de “Times” em Ama, que escreveu que a Síria, o Líbano, a Jordânia de Leste e o Iraque se “encheram” das pessoas que fugiam do Israel. Manifestou surpresa em como eles fugiram e não ficaram em casa a resistir.
Shmuel também cita Emil al-Ghuri, Secretário da Autoridade Suprema Árabe, que dirigiu as seguintes palavras ao comité político das Nações Unidas em 17 de Novembro de 1960: “Foram os actos de terror Sionistas, acompanhados de matanças maciças, que causou o êxodo maciça dos Árabes e Palestinianos”. A propagação dessas mentiras podia ter sido cortada à nascença.
O motivo de citar tais comentários é destacar duas coisas: primeiro, reconhecer que o êxodo maciço de facto ocorreu; segundo, tornar claro que os motivos do êxodo estavam na propagação de rumores assustadores e falsos, de massacres que nunca ocorreram, em especial os eventos que diziam ter acontecidos na aldeia infame de Dir Yasin.
Tais comentários e provas – e há muito mais que pode ser incluído – são apresentados neste Livro Branco, por forma a tirar proveito dos mesmos e assim chegar mais perto à solução final, para o testemunho dos lideres Sionistas, académicos e observadores neutros e serve para afirmar o seguinte:
Em primeiro lugar, que os Palestinianos habitaram esta terra e que foram donos das quintas e casas até 1948 e 1967.
Em segundo lugar, que deixaram esta terra em 1948, abandonando as suas quintas e casas, com medo de massacres, que de facto ocorreram.
Em terceiro lugar, os chefes e sábios do Movimento Sionista, incluindo indivíduos que participaram no conflito de 1948, afirmam que os Judeus não expulsaram os Palestinianos da Palestina, das suas quintas, nem das suas casas; de facto os Palestinianos acreditaram nos rumores terríveis e deixaram a Palestina por vontade própria.
Em quarto lugar, os que saíram formaram um grande grupo e o êxodo teve uma escala significativa.
Tudo isso é positivo – ajuda-nos a resolver o problema.
Os Judeus portanto não detestam os Palestinianos. Não desejaram expulsar os Palestinianos da sua terra, a Palestina. Não decidiram massacrá-los como sugeriram os rumores. Além disso o massacre de Dir Yasin nunca ocorreu. De facto, foram os Árabes não-Palestinianos que declararam guerra contra aos Judeus.
Para encontrar uma solução para o problema, permite-nos acreditar tudo que foi dito aqui, e regressar ao inicio, ao ponto de origem, nomeadamente do regresso dos Palestinianos que deixaram a Palestina entre 1948 e 1967. Os Judeus insistem que não expulsaram os Palestinianos, que fugiram pelas razões atrás mencionadas. Isso significa que os Judeus, que ocuparam a sua terra, não se podem opor que os Palestinianos permaneçam. A chave para resolver o problema é, portanto, o regresso dos refugiados Palestinianos à Palestina. Tal medida teria o efeito de repor tudo no seu lugar próprio bem como implementar a Resolução das Nações Unidas, emitida em 11 de Dezembro de 1948, na qual o Artigo 11 menciona o regresso dos refugiados. Não pode haver nenhuma base legítima ou qualquer direito para quaisquer objecções.
No sentido de resolver o problema, devemos aprender as lições que a História nos tem ensinado. O Antigo Testamento e a história dessa área, descreve que a Palestina tem visto sucessivas movimentações das numerosas tribos e povos. Foi o motivo de uma luta para a terra inteira e não só de uma parte. Os Palestinianos foram os habitantes originários – o nome Palestina deriva de Filisteus – os Judeus e o Movimento Sionista chamaram à terra Palestina até 1948. Conforme demonstramos neste trabalho, cada movimento Sionista, banco ou instituição Judaica teve o nome “Palestina”, uma prática que, de acordo com seu próprio testemunho, continuou até 1948.
Como já afirmámos antes, e como a história da região claramente demonstra, ninguém, portanto, tem o direito de tomar posse de toda Palestina ou efectivamente tem o direito de ceder parte da Palestina aos outros.
O Insucesso Inevitável da Divisão
Dois Estados Vizinhos
1) Antes de mais, esses não são estados vizinhos: estão entrelaçados um do outro em termos tanto da demografia como da geografia.
2) Após o estabelecimento de um outro estado na Margem Ocidental a profundeza do chamado estado de Israel seria só de 14 km. Os Israelitas não permitiram que isso aconteça.
3) Todas as cidades costeiras ficavam a mercê da artilharia de médio alcance de qualquer ponto da Margem Ocidental.
4) Ver os comentários da secção intitulada: Dois Estados: Riscos e Desilusões
5) Qualquer zona tampão estaria na origem de uma ameaça a segurança e seria o alvo de batalha para seu controlo ou vantagem. Na história internacional, zonas tampão têm sido a causa de muitas guerras e conflitos.
6) Os Palestinianos não aceitariam um mini estado. Querem um estado armado e capaz de se defender. Teriam o direito de se armar ao mesmo nível dos estados vizinhos. Isso é um direito natural e legítimo que ninguém se pode opor.
7) O total da área, do Rio Jordão até ao Mediterrâneo, não é suficientemente grande para dois estados.
8) A Margem Ocidental e a Faixa de Gaza não são suficientemente grandes para acomodar refugiados, nem os do Líbano e da Síria, sem contar com os que se encontram nas outras zonas do Mundo.
9) Existe o problema dos recentes deslocados. Para onde irão estes? A Margem Ocidental e a Faixa de Gaza não são terras dos deslocados de outras zonas.
10) O chamado Estado de Israel não é suficientemente grande para aceitar novos imigrantes.
11) Já existe assimilação e pode haver um modelo para as duas partes assimiladas criarem um único estado. Actualmente, tal assimilação constitui a base para a criação de um único estado.
Existe um milhão de Palestinianos no chamado estado de Israel. Possuem nacionalidade Israelita e fazem parte na vida política dos Judeus, formando partidos políticos. O seu número irá aumentar de um milhão para vários milhões ao longo do tempo. O mesmo diz respeito aos colonatos Israelitas na Margem Ocidental e na Faixa de Gaza. Se os Judeus que actualmente vivem lá são milhares, este número irá aumentar para um milhão ou mais ao longo do tempo. A criação do chamado estado de Israel em 1948 não é unicamente um estado para os Judeus, existem Cristãos e Judeus Católicos, Muçulmanos e Muçulmanos Druízos, Árabes e Israelitas, Falasha e outros.
12) A existência de uma parte depende da outra. As fábricas Israelitas dependem das operações Palestinianas. Mercadoria e serviços são trocados entre as duas partes de modo regular.
13) O conhecido Sionista Mieer Bael, cujo ponto de vista já aqui foi mencionado, reitera o ponto: “A cada ano que passa os dois grupos (i.e. os Palestinianos e os Judeus) assimilam-se cada vez mais. De um lado, essa assimilação é conseguida através dos colonatos Judaicas na Margem Ocidental e na Faixa de Gaza; do outro, de acordo com Bael, essa assimilação é afastada cada vez mais pela expansão maciça de mão-de-obra Árabe em todas as áreas do Israel.
Em cada edifício que é erguida, cada campo que é cultivado, cada fábrica que necessita operários, cada hotel, restaurante e serviços municipais de limpeza, cada utilidade pública, dezenas de milhares de Palestinianos de todas as zonas do país trabalham diariamente – jovens Palestinians de Nablus, Gaza, Tiba, Galileu e Heron.
Tomando em consideração esse estado de coisas, seria simplesmente impossível e impraticável dividir a Palestina em dois Estados. Com essa divisão não pode haver um Estado chamado Israel nem um Estado chamado Palestina. Os que recomendam a divisão da Palestina em dois estados são ignorantes da natureza da região e da sua demografia, ou querem livrar-se do problema e passar o mesmo pelas mãos dos Judeus e dos Palestinianos. Pode parecer que já resolvemos o problema mas nesse caso seriamos insinceros: faríamos pouco mais do que estabelecer as bases para um novo conflito.
Terra dos seus Antepassados / A Terra Prometida
Os Palestinianos consideram como suas, as cidades costeiras de Acre, Haifa ou Jaffa e outras, são terras dos seus antepassados, passadas de geração em geração. Foi só há pouco tempo que de facto viveram lá, e a prova disso é que vivem actualmente nos campos de refugiados. Donde vieram os habitantes dos campos da Margem Ocidental e da Faixa de Gaza? São da Margem Ocidental ou da Faixa de Gaza, e fugiram para lá após a guerra de 1948.
Essas pessoas não aceitam nada menos do que a terra dos seus antepassados que deixaram em 1948. E os refugiadas que vivem no campos do Líbano e da Síria? Onde fica a sua terra, a terra dos seus antepassados? E os Palestinianos da Diáspora? No caso dos Judeus, eles acreditam que a Margem Ocidental é seu território sagrado, se não o coração na Nação Judaica. Não a chama Margem Ocidental, mas sim a Judia e Samária. Como podemos privar um povo da terra dos seus antepassados? Como, alguma vez, podemos privar um povo da terra que lhes é sagrada?
Alov Harabin, um sábio Sionista, afirma que a posse de um pedaço de terra é o problema principal do conflito entre os dois povos. Chaim Weizmann afirma, na sua expressão que se tornou famosa nos anos 30: “O problema é que as ambas as partes têm razão”.
Como podemos substituir um por outro? É simplesmente impossível. Nem seria correcto tentar. Os Judeus, em especial os religiosos, não aceitariam qualquer substituição para uma terra que lhes é sagrada, de acordo com a sua crença. Os Palestinianos, por sua vez, em especial os da linha dura, não aceitariam qualquer substituição para a terra dos seus antepassados.
No caso da criação de dois estados, cada parte continuará a lutar contra a outra para poder viver na terra dos seus antepassados no caso dos Palestinianos, e na Terra Prometida no caso dos Judeus.
A solução seria tirar proveito tanto das circunstâncias actuais como da realidade histórica dessa situação, e estabelecer o Estado de Isratina para satisfazer os Palestinianos e os Israelitas, permitindo assim a ambos a circulação por onde desejam. Os que acreditam que a Margem Ocidental é a sua terra podem viver aí ou viajar até lá caso desejem. Podem chamar a terra Judia e Samária caso pretendam. De igual modo, se os Palestinianos desejarem viver ou viajar dentro das cidades costeiras de Acre, Haifa, Jaffa, Tel Aviv, Jadwal e outras, podem fazê-lo. Tal situação colocaria tudo como era dantes, e assim colocaria fim à injustiça e à privação, uma vez que não existe historia de inimizade entre os Judeus e os Árabes. A única hostilidade foi o que ocorreu nos tempos antigos entre os Judeus e os Romanos e mais recentemente entre os Judeus e os Europeus.
Foram os Árabes que receberam e protegeram os Judeus da perseguição e maus tratos nas mãos dos Romanos e dos Reis da Inglaterra e após serem expulsos da Andaluzia.
O Sábio Sionista, Alov Herabin, atrás citado, escreve, “Os Palestinianos perguntam, “Qual a razão que nós em particular, devemos pagar o preço para a perseguição dos Judeus na Europa?” Os Palestinianos nunca perseguiram os Judeus. Os Judeus, por sua vez, afirmam, “Não fomos nós que expulsamos os Palestinianos.” “Foram os Árabes não-Palestinianos que declararam guerra contra nós em 1948.”
Isso constitui uma prova positiva, que pode ser adaptada aos interesses na solução de estabelecer um estado que assimila as duas partes.
Alov afirma, “O encontro dos Israelitas e Palestinianos é um encontro de dois povos que viveram tragédias cruéis e dolorosas enquanto outros fingiram não reparar. E acrescenta, “Os Palestinianos foram culpados por rejeitarem os Judeus após esses serem odiados na Europa, “Não há duvida que os Palestinianos têm as suas razões para esse fenómeno. Não temos conhecimento de um povo ter aberto as suas portas para acolher um outro povo, e ceder por vontade própria parte da sua terra para que esse povo estabelecesse a sua entidade”. Alov está a fazer referência à resposta do povo Palestiniano face à imigração Judaica na Palestina, Judeus que não conheceram a Palestina, quando outros territórios como a Uganda e a Argentina foram candidatos possíveis.
SUMÁRIO
1) A área deste território é muito estreita para dois estados.
2) Os dois Estados entrarão em conflito, uma vez que acreditam que a terra de cada um forma parte da terra do outro e cada estado sente-se ameaçado pela outra parte.
3) Nem um nem outro poderiam acolher a imigração Judaica e os refugiados Palestinianos.
4) Cada parte possuí colonatos na terra do outro. Pelo menos um milhão de Palestinianos vivem no chamado Estado de Israel e pelo menos cerca de meio milhão de Israelitas vivem actualmente na Margem Ocidental e na Faixa de Gaza. Outras seitas incluem Druízos, Católicos, Cristãos e Muçulmanos. A zona é um modelo de assimilação.
5) Os operários das fábricas Israelitas são Palestinianos.
6) A dependência mútua, bem como a integração, no que diz respeito à mercadoria e aos serviços.
NOTA FINAL
1) O regresso dos refugiados Palestinianos e pessoas deslocadas para as suas casas.
2) Um Estado único – O Líbano é um exemplo.
3) Eleições livres sob supervisão das Nações Unidas na primeira e segunda ocasião.
4) A remoção de armas de destruição maciça do estado novo e, caso exista, de todo o Médio Oriente.
5) Desse modo o conflito do Médio Oriente terminará. O novo estado seria como o Líbano. Receberá o reconhecimento e poderá até aderir à Liga Árabe.
Poderá haver alguma objecção ao seu nome, mas tal seria inútil, prejudicial e superficial. Os que se opõem falam dos seus corações e não das suas mentes. É necessário fazer um julgamento entre as duas alternativas: a segurança Judaica, com os Judeus a viver em paz com os Palestinianos, assimilando com eles um estado único; ou a retenção do nome, sacrificando assim a segurança Judaica e a paz no Médio Oriente e no Mundo em geral.
Não devemos ouvir as vozes da velha guarda, com a sua mentalidade da Segunda Guerra Mundial; devemos ouvir as vozes dos jovens, a geração da globalização, a geração do futuro.
É a velha mentalidade que se mantém por trás da actual tragédia.
Sozinho um Estado Judaico fica exposto às ameaças dos Árabes e Islâmicos, no entanto um estado misto composto por Muçulmanos, Judeus, Árabes e Israelitas nunca ficaria sob a ameaça do ataque Árabe ou Muçulmano.
Desde 1967 a situação tem sido de um estado único Israelita-Palestiniano. Até os ataques pelo Fedayeen foram montados fora das fronteiras desse estado.
Os ataques actuais do Fedayeen não são montados pelos Árabes de 1948, como são conhecidos, mas pelos Palestinianos que não foram incluídos dentro das fronteiras dos chamados Árabes-Israelitas. Isso é um exemplo claro do sucesso de um estado único assimilado – Isratina.
O Irmão Líder dirige-se aos Estudantes da Universidade de Oxford sobre a África no século XXI
Boa noite a todos. Agradeço aos organizadores deste encontro com a faculdade, aos estudant…