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Discursos - 27 February، 2024

Cimeira da Terra.. LAGO CHADE

O Lago Chade foi, em tempos, o sexto maior lago do mundo. Actualmente encontra-se reduzido a apenas um décimo do seu tamanho original.

 

90% da sua água provém do Rio Chari.

 

A quantidade média de água no caudal do Chari diminuiu para metade.

 

Como resultado da degradação do meio ambiente local, os habitantes deixaram de criar vacas e camelos. Em vez disso, tornaram-se pastores de ovelhas e cabras. Esta mudança resultou na degradação severa do manto de vegetação e das árvores produtoras de madeira.

 

A área de superfície do lago diminuiu de 25000 quilómetros quadrados para apenas 2000.

 

A vida de mais de 20 milhões de pessoas depende do Lago Chade. Este número duplicará dentro de um quarto de século.

 

O mesmo acontecerá com o número de oito milhões de pessoas que vivem actualmente na região do Lago.

 

Para salvar o Lago Chade, existe a necessidade urgente de finalizar a construção da Barragem de Palembo no Rio Opanghi. Desta forma, os rios Opanghi e Chari ficarão ligados um ao outro. As águas do Opanghi irão desaguar no Chari.

 

É igualmente necessário muito trabalho para combater a ameaça da areia bloquear o caudal do Rio Chari.

 

Tal trabalho excede, em muito, a capacidade dos países envolvidos. Como tal, necessita de acção e assistência internacional.

 

Coloco este problema perante a Conferência de Joanesburgo.

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DELTA DO NILO / EGIPTO

 

O Delta do Nilo constitui a única terra agrícola disponível para a subsistência do povo egípcio. Além disso, abastece-o de um terço da apanha do pescado. Constitui a principal fonte de alimentos do povo egípcio.

 

Contudo enfrenta graves riscos que têm de ser solucionados de forma a evitar uma catástrofe humanitária, e não apenas ambiental.

 

  1. O forte aumento nas taxas de erosão, as quais atingiram os 100 metros.

 

  1. O aumento das taxas de poluição, onde as concentrações de mercúrio aumentaram 13 vezes mais e as de chumbo 12 vezes mais. Estes aumentos sucedem-se a uma grande velocidade.

 

  1. A vasa já não alcança o Delta.

 

  1. Mais de 10 mil km de canais de irrigação no Delta encontram-se entupidos com lama e lodo.

 

  1. A vasa já não chega ao mar.

 

  1. As barreiras naturais de areia estão a desaparecer rapidamente. Isto coloca uma grande ameaça aos pântanos, lagos de água doce e às terras agrícolas de baixa altitude no Delta. Também representa uma ameaça para as estâncias turísticas e para a água subterrânea, devido ao facto de algumas áreas se encontrarem apenas a dois metros acima do nível do mar. A única protecção que têm são as barreiras formadas pela água drenada do Delta.

 

  1. Crescimento rápido das plantas que obstruem os lagos de água doce devido ao aumento de sedimentação de matéria orgânica e de despejos agrícolas.

 

O aspecto mais alarmante do problema é a densidade populacional no Delta, a única terra agrícola do Egipto. Atingiu os 1600 habitantes por quilómetro quadrado. As vilas e cidades estão superlotadas. A população do Delta está a aumentar a um ritmo alarmante. A situação exige uma permanência séria para salvar o futuro do Delta do Nilo. O futuro de toda uma nação depende disso.

 

Chamo a atenção da Conferência de Joanesburgo para este grave problema.

 

Deus é minha testemunha de que passei a mensagem e cumpri o meu dever.

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MAR ARAL

 

O Mar Aral foi, em tempos, o quarto maior lago do mundo. Actualmente é considerado o oitavo.

 

A irrigação era necessária para três milhões de hectares. Presentemente é necessária para oito milhões de hectares.

 

A água que desagua no Mar Aral dos rios Syr Darya e Amu Darya diminuiu de 60 quilómetros cúbicos para zero.

 

A produtividade dos campos a sul do Mar Aral deteriorou-se gravemente. A deterioração é o resultado dos depósitos de sal transportados pelos ventos fortes do Nordeste e da crescente salinidade resultante da evaporação e de uma drenagem insuficiente.

 

A vida animal e vegetal a norte do Delta do Rio Amu Darya tem sofrido uma grave deterioração, como consequência do maior grau de salinidade e da falta de água.

 

As estruturas de drenagem em deterioração conduziram à subida do nível freático e a um aumento de três vezes em salinidade.

 

As velhas redes de irrigação causaram 80% de desperdício de água.

 

A profundidade das águas diminuiu de 70 metros para 12 metros.

 

O mar encontrava-se a 10 km de distância, actualmente recuou até aos 70 km.

 

A área de superície decresceu de 64000 km2 para 30000 km2.

 

50 lagos secaram no Delta do Rio Amu Darya.

 

A terra arável diminuiu de 550 mil hectares para 20 mil hectares.

 

O Mar Aral fragmentou-se em três lagos independentes, de elevada salinidade.

 

O Mar Aral costumava desempenhar o papel de ar condicionado natural que bloqueava os ventos frios vindos da Sibéria no inverno e arrefecia o ar no verão.

 

A sua eficiência climática foi destruída. O clima da área tornou-se mais continental. Os Verões são muito mais quentes e secos. Os Invernos são longos e rigorosos. A estação de crescimento ficou reduzida, deste modo ameaçando a cultura do algodão.

 

O leito do Aral, que cobre três milhões de hectares, tem ficado exposto aos ventos que transferem os sais e os resíduos perigosos dos insecticidas para as áreas circundantes. Mais de 70 milhões de toneladas métricas de sais e de resíduos perigosos de insecticida acumularam-se nesses terrenos. Transportados pelo vento, chegaram à Bielorússia, a milhares de quilómetros de distância.

 

A excessiva extracção de água transformou Mionak numa península.

 

A pesca comercial foi interrompida. Consequentemente, 3000 pescadores e dezenas de milhares de pessoas perderam o seu sustento. Era normal pescarem mais de 20 espécies de peixe. Os stocks de peixe foram calculados como sendo de 50 mil toneladas. Na actualidade, a estimativa desceu para apenas 3000 toneladas. Somente 250 pescadores continuam no activo. A produção de pele de marta criada em viveiro desapareceu quase por completo.

 

A actividade económica relativa ao enlatamento de peixe foi suspendida. A produção foi reduzida de 30 milhões para apenas 4 milhões. As fábricas de conservas actualmente importam peixe do Mar Báltico, cuja produção entrou também em declínio.

 

Além da catástrofe económica resultante da degradação do Mar Aral, existe igualmente um perigo para a saúde muito grave resultante da poluição da água e dos produtos agrícolas. A água potável e as espécies vegetais têm sido seriamente poluídas. A quantidade de minerais tóxicos, sais e insecticidas que contêm aumentou drasticamente. Isto provocou o aumento da taxa de mortalidade materna e infantil para 120 por 100,000, e para 60 por mil crianças.

 

As doenças dos rins e do fígado, assim como o cancro e as doenças inflamatórias da glândula tireóidea e das articulações aumentaram 40 a 60 vezes. A taxa de chumbo e de zinco aumentou no sangue das mulheres. O número de mulheres a sofrerem de anemia aumentou em 80%. A taxa de mortalidade atingiu 100 em mil. Os estudos médicos prevêem que toda uma nação a viver nessa área irá desaparecer no espaço de uma geração, a menos que o mundo tome sérias providências para os salvar através da recuperação do Mar Aral.

 

Milhares de milhões de metros cúbicos de águas poluídas de esgoto são lançadas no Rio Amu Darya. Os estudos relatam que dentro de dez anos toda esta área irá tornar-se um deserto árido. Desta forma teremos alcançado o ponto de não retorno.

 

Coloco esta questão humanitária e urgente perante a Cimeira de Joanesburgo.

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