Caxemira: A Solução Definitiva
A resolução pacífica da questão de Caxemira é uma necessidade. A solução irá apaziguar as relações turbulentas entre os países vizinhos Índia e Paquistão. Os dois países são verdadeiros irmãos. Estes países, conhecidos como Paquistão e Índia, eram uma única nação sob todos os aspectos, demográfico e outros. Apesar da divisão, permanecem irmãos.
A divisão foi uma conspiração colonial. O poder colonial não queria abandonar uma nação tão forte de grande população, de uma vasta extensão geográfica e de um enorme potencial. Foi o colonialismo que lançou achas para a fogueira do conflito entre as diferentes seitas e comunidades. A prova disto é o facto de, antes do colonialismo, essas comunidades terem vivido em conjunto e de uma forma pacífica no subcontinente indiano.
O culpado dos massacres de seitas e dos confrontos violentos e sanguinários foi o colonialismo britânico.
A conspiração colonialista levou a situação a intensificar-se a tal ponto que a divisão, com base na religião, se tornou a única solução. A própria noção de divisão é uma noção reaccionária e colonialista. Infelizmente, os choques entre os seguidores de várias religiões, o incendiar e o demolir de casas de oração persistem dentro da Índia e do Paquistão, mesmo depois da divisão.
O prolongamento desta fragmentação e os conflitos que dissipam os seus recursos não fazem parte dos interesses das pessoas do subcontinente. É uma ignomínia que continuem a destruir-se uns aos outros.
Todavia, uma solução prática e pragmática irá impor-se em resposta às exigências da era da globalização. O mapa do mundo será redesenhado. Serão criadas novas entidades gigantescas.
O estado-nação, que se tornou incapaz de sobreviver na era dos grandes desafios e competição feroz, irá inevitavelmente desaparecer. O novo mapa do mundo irá ser formado numa base geográfica e regional, e não numa base emocional, sectária ou étnica.
Os seus novos componentes são as entidades gigantescas, como a União Africana, a União Europeia, a Comunidade de Estados Independentes e a ASEAN/ Associação de Nações do Sudeste Asiático. Os estados do subcontinente indiano irão, por necessidade, reunir-se para formar uma entidade gigantesca semelhante.
Caxemira:
Algumas pessoas desdenham os sacrifícios das outras. Quando alguém dá o seu sangue, ou a própria vida, por uma causa, consideram-no irresponsável. Qualificam aqueles sacrifícios como terrorismo abominável. Essas pessoas não podem actuar como mediadores para a solução da questão de Caxemira ou, sob esse aspecto, qualquer outra questão. As pessoas, muçulmanos ou hindus, budistas ou sikhs, podem sacrificar as suas vidas por aquilo que consideram uma boa causa. Devemos mostrar respeito por esses sacrifícios.
Olhá-los com desdém não irá contribuir para a solução do problema de Caxemira nem de nenhum outro problema.
Tornou-se claro para todo o mundo, e para os povos da região, que existem três entidades distintas: Índia, Paquistão e Caxemira. Esta é uma base firme sobre a qual construir a solução do problema.
As circunstâncias e situações das centenas de estados que constituem o subcontinente eram similares. Agora já não é o caso.
Mesmo as similaridades entre Caxemira, Hyderabad e Jonaghad já não existem.
A posição de Hyderabad e Jonaghad foi determinada por plebiscito popular de acordo com os princípios de partilha que dividiram o subcontinente em Índia e Paquistão. É inútil usar o pretexto de que a independência de Caxemira pode dar azo a tendências separatistas em outros estados.
Isto simplesmente não pode acontecer. A posição de todos os outros estados foi definitivamente estabelecida de acordo com os princípios de partilha e de acordo com as subsequentes resoluções do Conselho de Segurança, que estabeleceram o princípio de plebiscito popular. Foram levadas a cabo consultas populares nos outros estados. À luz da existência destas resoluções e princípios internacionais, nenhum governador estatal, ou parlamento local, pode legalmente tomar nenhuma decisão que vá no sentido inverso.
A especificidade de Caxemira:
Apesar de ter a mesma mistura de população (arianos, mongóis, turcos e afegãos) e a mesma multiplicidade linguística das outras partes do subcontinente indiano, Caxemira tem a sua história particular. Foi, inicialmente, caracterizada por conflitos entre budistas e brâmanes. Seguiu-se uma era em que dominava a cultura hindu. A seguir veio o período islâmico, após o Islão avançar para Caxemira.
Uma das características específicas de Caxemira foi a sua venda a uma dinastia feudal sob o domínio colonial britânico. Essa família foi o seu único dono ao longo de quase um século. Por que razão foi dado a Caxemira um maior grau de auto-governo? Por que razão era Caxemira tratada como excepção quando o subcontinente estava dividido em Índia e Paquistão?
Por que razão a posição dos outros dois estados que eram considerados casos excepcionais (Hyderabad e Jonaghad) foi estabelecida enquanto que a de Caxemira ficou por estabelecer? Por que razão o chefe do governo de Caxemira detém o título de primeiro-ministro, como o chefe do governo da Índia? Por que razão Caxemira tem a sua própria bandeira e o seu próprio parlamento? Tudo isto vem provar que Caxemira é única e distinta. A sua história e circunstâncias são diferentes das de outros estados. É contraproducente discutir sobre o número de seguidores desta ou daquela religião.
A questão da religião no subcontinente indiano é espinhosa e de uma extrema complexidade. É a carta jogada pelo poder colonial na sua política de “dividir para reinar” de modo a desmembrar aquela entidade gigantesca e dividi-la em vários países em luta. A Índia não é um estado hindu. É um país multi-religioso. É hindu, muçulmano, budista e sikh. É ilógico descrever cada conflito como sendo entre muçulmanos e hindus.
Caxemira não é apenas um estado muçulmano. É hindu, muçulmano e budista e pertence a todas as comunidades que ali vivem. Se a decisão for que os muçulmanos pertencem ao Paquistão enquanto que os hindus pertencem à Índia, o subcontinente tornar-se-á ainda mais fragmentado. Nunca gozará de estabilidade e a solução irá continuar a escapar-nos.
Esta noção ilógica e perigosa deve ser eliminada de uma vez para sempre. Encontra-se na raiz do conflito em Caxemira. Todos os habitantes de Caxemira, quer sejam muçulmanos ou hindus, pertencem a Caxemira. É importante notar que não foi proposta nenhuma solução lógica. Tudo o que é exposto é emocional e desprovido de lógica. Sempre que o problema é debatido, o ponto de partida é um ataque aos seguidores da outra religião.
A introdução da religião no debate constitui uma prova clara da falta de seriedade ao lidar com o problema e com a sua possível solução. Não é na religião, na etnia ou na língua comum que a solução será encontrada.
Apenas pode ser encontrada no interesse comum dos habitantes de Caxemira. Nesta era da globalização, uma doutrina, língua ou etnia comum já não constituem os laços que unem os povos, mas sim os seus interesses comuns. Actualmente, os interesses comuns unem pessoas de diferentes religiões, raças e línguas.
Os laços emocionais são enfraquecidos em comparação com os interesses comuns. Uma tentativa sincera, séria e imparcial de resolver a questão de Caxemira não pode esquecer os interesses dos países à sua volta. Esses interesses são raramente mencionados. Apresentam uma capa de considerações religiosas e emocionais. Caxemira é uma importante fonte de água. Existem quatro países que fazem fronteira com Caxemira.
Estes países têm interesses de segurança estratégica em Caxemira. É injusto apontar a fé religiosa, ou explorá-la, como a única causa do problema sem analisar as outras causas. O povo de Caxemira não pode ser sacrificado no altar de interesses tacanhos e egoístas.
Caxemira deve pertencer ao seu povo. Será um novo vizinho irmão, tanto da Índia, como do Paquistão. Tal como o Nepal e o Butão, irá servir como zona-tampão entre os quatro estados que fazem fronteira com ela. Isto irá fortalecer a paz na região ao criar uma zona de separação entre a Índia e a China, o Paquistão e o Afeganistão. A independência de Timor Leste é um bom exemplo a seguir.
O mapa do mundo conterá em breve nada mais do que entidades gigantescas. Os estados-nação irão desaparecer, perante o facto de não serem já capazes de enfrentar os desafios da globalização. Por conseguinte, a independência de Caxemira não irá causar o terrível impacto que teria causado antes da era da globalização. Caxemira, Butão, Nepal, Paquistão, Bangladesh, Maldivas, Sri Lanka e Índia irão todos ser agrupados numa futura entidade gigantesca do subcontinente indiano, semelhante à União Europeia, União Africana e ASEAN/ Associação de Nações do Sudeste Asiático.
Os estados do subcontinente indiano não terão futuro na era da globalização a menos que se reunam numa entidade que lhes garanta força, numa altura em que o estado-nação já não tem lugar, mesmo sendo tão forte, económica e tecnologicamente, como a Alemanha ou França. A Alemanha, França e outros estados europeus apenas podem sobreviver dentro de uma União Europeia que consegue resistir aos desafios da globalização.
Cada uma das entidades gigantescas, que substituirão os estados-nação e formarão o novo mundo, terá o seu exército único, estruturas de segurança, mercado único, moeda única, banco central único e, fundamentalmente, uma posição de negociação única com as outras entidades gigantescas semelhantes.
O estado-nação já não consegue negociar os trajectos sinuosos do mundo globalizado. Esta é a melhor solução para os povos da região que partilham o mesmo destino. Os métodos reaccionários empregues nos trajectos trouxeram a esses povos nada mais que tragédias e destruição. Viva Caxemira como estado soberano independente, terra de todos os caxemires, muçulmanos, hindus e outros.
O Irmão Líder dirige-se aos Estudantes da Universidade de Oxford sobre a África no século XXI
Boa noite a todos. Agradeço aos organizadores deste encontro com a faculdade, aos estudant…